Ora aqui vai um post silly season:
Um dos mais usados chavões é o da disciplina alemã (às vezes usa-se a palavra prussiana). Podia ser só um mito, mas com o passar do tempo convenci-me que não é assim. E há pequenos detalhes que dizem muito. Ou quase tudo. Como o detalhe dos cabides.
Uma vez, nos meus tempos de estudante, fui consultar livros ao Instituto Arqueológico Alemão (cuja biblioteca ficava num 7º andar da Av. da Liberdade, com os mais velhos se recordarão). Sentei-me e pendurei o casaco nas costas da cadeira. Menos de um minuto depois, a arqueóloga alemã responsável pelo serviço, arrancou o casaco da cadeira repreendendo-me "temoshh cábidéshh". Abriu um armário e pendurou o casaco num cabide. Estava visivelmente chateada com a minha nonchalance. Anos mais tarde, a cena repetiu-se, na biblioteca do IAA, em Madrid. Aí em versão cinema mudo. Uma mulher imensa, que fazia recordar um Jean Claude van Damme de saias, estendeu-me um cabide, sem dizer palavra. Tive medo dela e obedeci, rapidamente. Terceiro episódio, no Museu de Arte Islâmica de Berlim. A reunião começa e é interrompida menos de um minuto depois. O Dr. Kröger tinha identificado um casaco na parte de trás da minha cadeira. Levantou-se, com um ar resignado, para aparecer, uns segundos mais tarde, com um cabide.
Agora já não tenho dúvidas: ou a questão dos cabides é mania dos arqueólogos alemães ou é mesmo um problema civilizacional.
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