quarta-feira, 29 de junho de 2016

A ARTE DE SER MOURENSE


NUM ANO DE TRANSIÇÃO, ENTRE A INCERTEZA E A CONFIANÇA

Cheguei a temer, em dado momento, que a Festa em honra de Nossa Senhora do Carmo de 2016 se ficasse pela expressão mínima. A anterior comissão terminara as suas funções e, legitimamente, considerava que cumprira a missão a que se propusera. O sucesso das festas tinha sido evidente, mas era necessário que outra equipa avançasse. Passaram semanas e meses e nada sucedia. A situação tornava-se preocupante e urgia atuar. Foi esse o campo de trabalho da Câmara Municipal: a procura de soluções, a promoção de sucessivas reuniões, a realização de inúmeros contactos.

No final do inverno, estava encontrada uma solução. Constituiu-se um grupo de antigos festeiros, que não foi formalmente designado de Comissão, o qual tomou a seu cargo a realização das Festas de 2016. E se à partida se decidiu que não iriam ter a dimensão da de outros anos, o espírito positivo e de desafio com que se avançou deixou-me emocionado e com certezas.

A primeira certeza é que o “espírito do lugar”, de que os romanos tanto falavam, é marcado nesta nossa terra por um inquebrantável orgulho, que se repete de geração e que se transmite sem cessar. É esse o nosso espírito.

A segunda certeza é a de que Moura fica em dívida para com este grupo de antigos festeiros que optou por se sacrificar em prol de todos. Se não lhes pagamos doutra forma que o façamos com gratidão.

A terceira certeza é que, a despeito de todas as dificuldades e de todas as limitações, as Festas de 2016 terão o brilho de sempre. Com a presença massiva da nossa gente, com o calor do nosso povo, com a capacidade de iniciativa que se reconhece aos mourenses.

A Câmara Municipal associa-se, como sempre, às nossas festas. Apoiando-as, de todas as formas que podemos. E, tal como em 2015, engalanando os Paços do Concelho para assistir à passagem da procissão.

Tenhamos confiança no futuro. Empenhada e convictamente, nesta região que nunca parece ter sido prioridade para ninguém. A não ser para nós. O difícil processo de construção da Festa de 2016 vem dar razão à esperança. A Comissão que irá garantir a Festa em 2017 se encarregará de dar continuidade a esta tradição de que tanto nos orgulhamos. São eles os guardiões da alma de todos nós. São eles quem ajudará a perpetuar o “espírito do lugar”.


Texto publicado no programa das festas. Fotografia de António Cunha.