No dia da partida de Eunice Muñoz, retomo dois textos do blogue (24.6.2012 e 18.7.2015).
A esta distância, tenho a certeza que "O parque", na primavera de 1985, foi a melhor peça de teatro que vi, até hoje. Gilberto Gonçalves desapareceu em 2012, a Cornucópia encerrou em 2016, Eunice Muñoz deixa-nos agora. Tudo isto tem um travo de melancolia.
DOMINGO, 24 DE JUNHO DE 2012
O PARQUE
Ainda o solstício, numa versão desencantada, a de Botho Strauss (n. 1944). A peça estreou em janeiro de 1985 e fomos, entusiasticamente, aconselhados a ir vê-la pelo nosso professor de Arte Contemporânea. O parque baseava-se em Shakespeare, mas aquela noite de verão "transforma a 'louca jornada' de Titânia e Oberon, deuses doutro tempo e da peça de Shakespeare, num crudelíssimo retrato do nosso tempo" (Luís Miguel Cintra). Eunice Muñoz e Gilberto Gonçalves deram corpo ao par. Uma noite sem esperança e marcada pela amargura e pelo desencanto. Botho Strauss falava do mundo contemporâneo e previa o futuro...
Foi, talvez, a mais extraodinária peça teatral a que assisti. E de que me lembro agora, nesta noite de S. João.
Sobre o Teatro da Cornucópia: http://www.teatro-cornucopia.pt/htmls/home.shtml
SÁBADO, 18 DE JULHO DE 2015
EUNICE MUÑOZ & MÁRIO ZAMBUJAL
Noite de homenagem a Eunice Munõz e a Mário Zambujal. Uma iniciativa da Comissão de Festas de Santa Maria 2015, à qual a Câmara Municipal teve a oportunidade de se associar, na passada semana. Uma noite marcada pela presença de artistas locais. Eunice Muñoz e Mário Zambujal estavam felicíssimos. Isso notava-se na expressão deles e ficou bem evidente nas sentidas palavras que nos deixaram.
A Mário Zambujal devo a enorme simpatia de ter apresentado, por duas vezes, um livro meu: na FNAC e em Moura, em 2001. A Eunice Muñoz devo a mais extraordinária peça a que assisti (v. aqui). Tive a oportunidade de lhes agradecer esses factos.
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