domingo, 12 de dezembro de 2021

ARTUR GOULART DE MELO BORGES - HOMENAGEM

A noite da passada sexta-feira foi um momento de verdadeira felicidade. Passei duas horas e meia na Casa dos Açores, numa homenagem ao meu amigo Artur Goulart de Melo Borges.

O Artur é de S. Jorge e fomos colegas de faculdade durante cerca de um ano (1981/82). Depois deram-lhe equivalência à licenciatura feita em Itália e ele passou, de vez, para o quadro do Museu de Évora. Tinha um ar muito jovem e foi com surpresa que soube que tinha nascido no ano dos meus pais. Mantinha com os colegas um trato de grande afabilidade, que o tornava igual a nós. O estilo calmo e fraterno permaneceu até hoje.

Foi durante mais de uma década diretor do Museu de Évora. A Casa dos Açores entendeu fazer esta homenagem pelo percurso ímpar que o Artur teve/tem. E ímpar é mesmo ímpar. Posso dar um par de exemplos. Não haveria estudos de epigrafia árabe sem ele. Arabista? Sim, com um carreira começada nesse domínio já na casa dos 40, muito perto dos 50 anos. Aprendeu árabe (a partir do zero) e leu todas as lápides existentes em Portugal. Deixou de haver epigrafia inédita. Graças a ele temos um "corpus" que valeria a pena colorir num só volume... Depois da reforma (!), lançou-se (sem receber um tostão) no inventário artístico da Arquidiocese de Évora, a convite de D. Maurílio de Gouveia, de quem foi colega no Colégio Português em Roma. Recusou que os textos fosse assinados por VIP, insistindo que a equipa de jovens que com eles colaborava tivesse direito a fazer currículo. Levou a dele avante, bem entendido.

A noite foi plena de surpresas deliciosas. Perguntei-me "porque estará o professor Onésimo Teotónio Almeida na mesa? seguramente pelo estatuto de grande intelectual e por ser açoriano", para depois vir a resposta. Tinha sido aluno do Artur no Seminário de Angra. Ainda hoje o trata, reverentemente, por "Dr. Goulart". Também não fazia a mínima ideia que o Artur é músico e toca órgão. Muito menos que é poeta e bom poeta.

Vitor Serrão se encarregou de enquadrar a carreira de investigador e de defensor do património, Delfina Porto fez as honras da casa e conduziu a sessão com suavidade e saber.

A noite foi um desfiar de recordações, pontuada pela voz dos amigos e pela leitura de poemas, lidos pela voz serena da Isabel.

À tua e à da tua família, caro Artur Goulart de Melo Borges!



1 comentário:

Maria Albuquerque disse...

Nao saia da existência de tao nobre senhor da minha terra, Gostava de ter o livro dele , se me pudessem fazer chegar mais informação acerca do mesmo livro agradecia, obrigada desde já