sexta-feira, 10 de setembro de 2010

TAPEÇARIAS DE PASTRANA

Boas notícias. A exposição A invenção da glória. D. Afonso V e as tapeçaria de Pastrana foi prolongada até 3 de Outubro. Um bom motivo para uma ida até ao Museu Nacional de Arte Antiga ver estas obras-primas da arte mundial.
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Manufacturadas em Tournai em finais do século XV, narram (três delas) a conquista de Arzila e (uma outra) a entrada dos portugueses em Ceuta. O episódio de Arzila é-nos transmitido em quadros, quase como uma banda desenhada. Nada de novo, afinal, uma vez que se trata de uma tradição antiga na arte ocidental. Abro um parêntesis para dizer que uma das minhas "BD" preferidas é a sequência da caça no mosaico bizantino de Argos. Feche-se o parêntesis para referir que as tapeçarias de Pastrana, certamente uma encomenda régia, nunca terão chegado a estar em território português, não havendo sequer referência documental nos nossos arquivos à sua existência.
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Magnificamente executadas, foram, segundo o roteiro da exposição, um instrumento político e um objecto de glorificação de D. Afonso V, que assim construiu a imagem que quis deixar para a posteridade.
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Este excerto pertence à entrada dos portugueses em Tânger. Tem uma certa graça a representação dos muçulmanos paramentados um pouco ao gosto bizantino. O luxo do oriente causava grande sensação na Europa Ocidental, daí que se representasse desta forma tudo o que pudesse sugerir a ideia de riqueza.
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A ver:

http://www.mnarteantiga-ipmuseus.pt/

http://www.fcamberes.org/


Na revista L+Arte deste mês (http://www.l-arte.com.pt/ - endereço apenas de contacto) há uma arguta e divertida crónica de Joaquim Oliveira Caetano sobre o catálogo da exposição.

4 comentários:

papideu disse...

Se calhar ignorância minha ou percebi mal, mas as tapeçarias de Pastrana não são peças do MNAA?
Debrucei-me sobre essa matéria em trabalhos que apresentei recentemente e pensava eu que constituíam um dos ex libris no museu das janelas verdes..

papideu disse...

Só estive em Arzila uma vez, no ano passado. Foi o único território onde pude ver arquitectura militar portuguesa fora das nossas portas. É tão lindo e tão estranho. Confesso que fiz 459 poses idiotas à Heróis do Mar com o pano de muralhas em fundo.

Anónimo disse...

mais um belíssimo exemplar que apesar de tratar de feitos lusos não é obra nacional.

saudações amigáveis

francisco caetano

Santiago Macias disse...

As tapeçarias de Pastrana estão na Colegiada daquela localidade.
Justamente, Francisco Caetano. A obra foi uma produção encomendada a oficina estrangeira, mas para relatar factos portugueses. Gostamos muito de nos olhar ao espelho. Interessa-nos o que é nosso e está perto ou o que tem a ver connosco. Daí o pé da Luisinha Carneiro.