segunda-feira, 18 de junho de 2012

CASTELO DE MOURA: TORRE DE MENAGEM

O foral manuelino de Moura faz hoje 500 anos. O documento, outorgado pelo monarca no dia 1 de junho de 1512, é um extenso rol de normas, que constituiam a base de funcionamento do Município. O dia 1 de junho será, pois, o ponto de arranque para um conjunto de celebrações que têm este documento como tópico. Será também o retomar de iniciativas na área do Património Cultural. 
Ganha agora novo fôlego o programa de recuperação do castelo de Moura. É um projeto importante para Moura? Não é importante, é decisivo. É bom que algumas criaturas, dadas à opinião avulsa, entendam duas ou três coisas fundamentais: 
Quem não sabe cuidar do passado não sabe respeitar a memórias do seus antepassados e não sabe preparar o futuro; 
Quem não proteger os monumentos e os reabilitar vai ter, no futuro, custos acrescidos de reparação e de manutenção; 
Quem, tendo responsabilidades autárquicas, descurar a reabilitação dos principais edifícios do concelho, não conseguirá criar condições para o desenvolvimento económico e cultural das terras que têm obrigação de gerir.
Ora bem, o castelo de Moura encaixa aqui na perfeição. Recordo que, até abril de 2004, o sítio esteve fechado ao público. Nessa altura, e durante uma visita do Presidente Jorge Sampaio, o castelo foi reaberto. Era melhor ter-se feito a intervenção de uma vez só? Sem dúvida. Mas em municípios com poucos recursos e com muitas frentes de trabalho tal é impossível. Isso levou-nos a avançar por etapas: primeiro, o arranjo global do sítio; depois, a consolidação estrutural do convento; mais tarde, as obras de recuperação da torre do relógio, a musealização da torre de menagem e a abertura deste espaço ao público, o que ocorrerá durante o corrente mês. 
 Está terminado este processo? Não está, ainda não está. A partir de junho e até ao outono decorre a conclusão do edifício de receção ao turista e termina-se a obra de iluminação das muralhas. 
São percursos lentos, acompanhados por um projeto de escavações arqueológicas que segue, quase ao longe, o ritmo das obras. Troços da história da nossa cidade vêem, assim, a luz do dia. Casas islâmicas, canalizações quatrocentistas, casas quinhentistas, quartéis da Restauração, horas e dias de tempos idos são redescobertos, dando seguimento a um percurso que iniciei no já distante mês de junho de 1989. À medida que os anos passam as perspetivas tornam-se mais claras e as hipóteses outrora esboçadas são, de vez, confirmadas ou rejeitadas. A chegada da Vanessa, desde 2003, e do José Gonçalo, desde 2010, trouxe juventude ao projeto de investigação. Com a Marta, a Luísa e o Romero a equipa ganhou estabilidade. E mais segurança. E por mais irascível e perfecionista que me cataloguem (private joke para um membro da equipa) não alterarei um milímetro ao percurso.
E agora? Que se segue? Como será o futuro deste nosso monumento? Aqui está uma pergunta cuja resposta não pertence, em exclusivo, a quem quer que seja. O futuro do castelo de Moura será uma construção coletiva de arqueólogos, historiadores, arquitetos, fotógrafos, designers… Pertencerá, sobretudo, aos mourenses. A todos os mourenses. Com a óbvia exceção dos especialistas em opiniões avulsas.


 
 Texto publicado em A Planície de dia 1.6.2012