Tinha o hábito, mais que discutível, de não dar classificações inferiores a 6. Achava uma terrível e dispensável humilhação um aluno chegar à pauta e ver lá escarrapachado um 2 ou um 3.
Tudo mudou no belo dia em que me entregaram um trabalho de final de ano. Comecei a ler o texto e achei a informação interessante e bem alicerçada (talvez demais, até...). O pior era o português. As frases eram complicadas e pareciam escritas às arrecuas. Ao fim de meia página, as dúvidas dissiparam-se: o texto era uma versão feita a partir de um tradutor automático. Peguei numa frase, escrevi-a em inglês e meti-a no google. Bingo! Fui parar a um texto de um conhecido autor, que escrevera sobre aquela matéria. O trabalho que me fora apresentado era um plágio desse texto, traduzido às três pancadas. Quando o diretor do curso viu a pauta veio ter comigo, com ar preocupado: "É a primeira vez que se atribui um zero. Que é que aconteceu com aqueles dois alunos?". Expliquei o caso em poucas frase e entreguei-lhe o trabalho, acompanhado de uma cópia do texto original. Mantive o zero e fiquei (ainda) mais alerta, a partir daí.
O ano letivo começa agora. São tempos decisivos para muitos milhares de jovens. Que não relvem o futuro é a prece que faço.
1 comentário:
Sei que não fácil para um professor constatar o descaso e a preguiça dos alunos. Isso causa muito desconforto e também uma certa raiva.
Você ensinou muito mais atribuindo zero do que se tivesse feito qualquer outra coisa.
Tenho certeza de que os alunos vão trabalhar direito, pois sabem que o professor, de fato, se importa com eles e com o seu progresso escolar.Torço para que não venham outros "zero" e essa turma de alunos aproveite a oportunidade de se tornar independente e competente em sua especialidade.
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