terça-feira, 7 de janeiro de 2014

UM POUCO DE PATERNALISMO VESPERTINO

Aconteceu esta tarde. Na entrada do departamento governamental onde esperava a hora de início da reunião apareceram dois jovens negros. Andaram pelos vinte e poucos. Um deles veio ter comigo e perguntou-me "sabe se é aqui que se tira a nacionalidade?". Respondi que não fazia ideia, por ser também alheio à casa. Virei-me para o segurança detrás do balcão e pedi ajuda "estes senhores precisam de um esclarecimento". Um dos jovens repetiu a questão, dizendo que já tinha estado no SEF. Afinal, era a outro departamento do mesmo ministério que deveriam ir. Ato contínuo, o segurança explicou "estás a ver onde é a Fontes Pereira de Melo? então, agora sais daqui, viras à direita e o serviço xis fica a uns 100 metros, ok? não há problema que o sítio onde vais está bem assinalado". Os jovens agradeceram, despediram-se de mim e sairam.

Parto do princípio que o segurança não os conhecia de lado algum. Daí que o TU (há dois "tus", o de superioridade e o de igualdade) identificasse todo um estilo.

Lembrei-me de um funcionário da Faculdade de Letras de Lisboa, que vivera em Moçambique e me dizia sempre, em tom enfático, "eu tratava muito bem os meus pretos, estás a ouvir?". Claro que ouvia...

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