Post mertolense (isto é, para os colegas e ex-colegas do CAM):
Agora que o verão passa e que estou longe de Mértola, recordo-me periodicamente de episódios de campanhas de trabalho de há muitos anos. Um deles aconteceu em 1984 ou 1985. O Cláudio Torres, com todo o seu empolgado estilo, convenceu um grande especialista de cerâmica islâmica, o Prof. Dr. Jef Teske, do Gemeentemuseum, a visitar o Campo Arqueológico. O Dr. Teske, um homem na casa dos 40 e tais, estava espantado com a viagem de camioneta entre Beja e Mértola. O condutor parava em cada esquina, apanhava encomendas e bebia até um copo de branco numa taberna (era no Vale de Açor). Caíra noutro mundo e fala constantemente das semelhanças com o Líbano.
Ao fim de dois dias, o especialista em arte mameluca não havia mais nada para ver, claro... A cerâmica andaluza estava distante da sua área de trabalho. Com pragmatismo neerlandês vestiu uns calções, foi para as escavações e tomou-se de amores por uma figueira, cujos frutos, aquecidos pelo sol de Mértola, lhe causaram efeitos dramáticos.
No dia, há já muitos anos, em que a figueira foi abaixo, perguntei ao Cláudio: "lembras-te do Dr. Teske?". Não se recordava e a memória só se avivou quando lhe falei nos benditos figos. "Então e se o convidássemos a regressar?". Convidámos. Escreveu uma carta simpaticíssima, mas declinou. Acho que a culpa foi da figueira...
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