Sempre achei interessantes, porque reveladores, os discursos de simplificação. Nos dias que correm, é melhor nem falar. Os árabes, os muçulmanos, os terroristas, aqueles países etc. O longo braço do imperialismo tem no cinema um dos seus métodos mais eficazes de propaganda. A simplificação é, aí, regra. Qualquer arco em ferradura identifica um país árabe, as mesquitas são todas iguais... O importante é vestirem-se os homens com uns trajes vagamente orientais e polvilharem-se as cenas de tiros em ruas poeirentas. O perigo campeia.
Ridley Scott filmou este Body of lies em 2008. Deu ontem na tv, fora de horas. Teoricamente, o filme passa-se no Médio Oriente. Passa? Não passa nada... Nesta cena, vê-se, durante largos segundos, um minarete. Qualquer amador de História da Arquitetura identifica, claramente, uma construção de tipologia magrebina. Uma consulta na net, ainda mais tardia, confirmou o óbvio: Body of lies foi rodado em Marrocos. Para o espectador médio dos States (o filme é, em primeiro lugar, para eles ok?) é tudo igual: Marrocos, Jordânia, Síria, Egito são países de árabes, barbudos e muçulmanos. E, obviamente, terroristas. Mais minarete, menos minarete, vai tudo dar ao mesmo.
1 comentário:
Muito bem.
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