Evocação piscícola, no último dia do campeonato do mundo de pesca ao achigã, que está a ter lugar em Moura. O ambiente no Parque Municipal de Feiras e Exposições era, ontem à tarde, bem festivo. Pesagens, aplausos, fotografias, num ritmo certo e sério. Regressei ao local à noite, para registar o enorme aquário iluminado, que chamava a atenção à entrada de Moura.
Os peixes dão pano para mangas.
Começando por uma alocução de que gosto, desinit in piscem mulier formosa superne, escrevia Horácio. Ou seja, a mulher formosa termina numa cauda de peixe. Não me parece mal, essa ideia das sereias.
E terminando no texto CLXXXIII das Cantigas de Santa Maria, um poema do século XIII. Reproduzo o final da cantiga que evoca o desaparecimento e o reaparecimento dos peixes no mar de Faro, por intercessão de Nossa Senhora. O poema é absolutamente fantástico, tal como todos os outros das Cantigas. Versão integral em: https://pt.wikisource.org/wiki/Cantigas_de_Santa_Maria
Ca fez que niun pescado nunca poderon prender
enquant' aquela omagen no mar leixaron jazer.
Os mouros, pois viron esto, fórona dali erger
e posérona no muro ontr' as amas en az.
Pesar á Santa Maria de quen por desonrra faz...
Des i tan muito pescado ouveron des enton y,
que nunca tant' y ouveran, per com' a mouros oý
dizer e aos crischãos que o contaron a mi;
poren loemos a Virgen en que tanto de ben jaz.
Pesar á Santa Maria de quen por desonrra faz...
enquant' aquela omagen no mar leixaron jazer.
Os mouros, pois viron esto, fórona dali erger
e posérona no muro ontr' as amas en az.
Pesar á Santa Maria de quen por desonrra faz...
Des i tan muito pescado ouveron des enton y,
que nunca tant' y ouveran, per com' a mouros oý
dizer e aos crischãos que o contaron a mi;
poren loemos a Virgen en que tanto de ben jaz.
Pesar á Santa Maria de quen por desonrra faz...
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