sábado, 22 de outubro de 2016

PEIXES

Evocação piscícola, no último dia do campeonato do mundo de pesca ao achigã, que está a ter lugar em Moura. O ambiente no Parque Municipal de Feiras e Exposições era, ontem à tarde, bem festivo. Pesagens, aplausos, fotografias, num ritmo certo e sério. Regressei ao local à noite, para registar o enorme aquário iluminado, que chamava a atenção à entrada de Moura.

Os peixes dão pano para mangas.

Começando por uma alocução de que gosto, desinit in piscem mulier formosa superne, escrevia Horácio. Ou seja, mulher formosa termina numa cauda de peixe. Não me parece mal, essa ideia das sereias.

E terminando no texto CLXXXIII das Cantigas de Santa Maria, um poema do século XIII. Reproduzo o final da cantiga que evoca o desaparecimento e o reaparecimento dos peixes no mar de Faro, por intercessão de Nossa Senhora. O poema é absolutamente fantástico, tal como todos os outros das Cantigas. Versão integral em: https://pt.wikisource.org/wiki/Cantigas_de_Santa_Maria

Ca fez que niun pescado nunca poderon prender
enquant' aquela omagen no mar leixaron jazer.
Os mouros, pois viron esto, fórona dali erger
e posérona no muro ontr' as amas en az.
Pesar á Santa Maria de quen por desonrra faz...

Des i tan muito pescado ouveron des enton y,
que nunca tant' y ouveran, per com' a mouros oý
dizer e aos crischãos que o contaron a mi;
poren loemos a Virgen en que tanto de ben jaz.
Pesar á Santa Maria de quen por desonrra faz...





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