Foi essa a pergunta que não me coloquei, no dia a seguir às
eleições autárquicas de 2013, fez na passada quinta-feira três anos. Sabia o
que não fazer, e a essa tentação resisti durante três anos.
Durante três anos mantivémos um percurso iniciado e do qual
fomos continuadores. Que fazer, então? Continuar a política de incremento de
infraestruturas. Da conclusão da obra no edifício dos Quartéis se passou à
criação de um novo espaço no Pavilhão das Cancelinhas, em Amareleja. Da
finalização da obra da Ribeira de Vale de Juncos, nessa mesma vila se avançou
para a abertura ao público do antigo matadouro. Onde outros soletram “caridade”
nós dizemos solidariedade. O projeto ÁGORA SOCIAL tornou realidade a
reabilitação de uma dezena de habitações. A elas se somarão as quatros casas do
Pátio dos Rolins e, dentro de poucos dias, a abertura do concurso público que
dará nova vida ao Bairro do Carmo. Concluiu-se o Parque de Leilão de Gado e
colocou-se ao serviço da economia da região o Centro de Acolhimento a
Microempresas de Moura. Apoiou-se o investimento (e isso foi expressamente
reconhecido pelos empresários que lideraram projetos como o de Vale Formoso, o
do Centro de Inspeção de Veículos ou o da expansão das atividades da Herdade
dos Cotéis) e criaram-se condições para a instalação de uma grande superfície
no antigo Campo Maria Vitória. No outro dia, alguém lembrava as “lascas de
sangue” deixadas por gerações naquele terreno de jogo. Infelizmente, o
sentimentalismo não resolve problemas urbanísticos e, em 15 anos, ninguém da
oposição autárquica municipal apresentou soluções consistentes para aquele
local. Com “lascas de sangue” ou sem elas.
O que não fazer? Ceder à demagogia barata e ao populismo. É
importante fazer da atividade autárquica mais do que uma efémera distribuição
de pequenas benesses. É crucial resistir aos que, a cada momento, querem mais e
mais “reflexão”, mais e mais “estudos”, mais e mais “participação”. Reflexão,
estudos e participação são matérias decisivas. Desde que não sejam pretexto
para bloquear a atividade. Há tempo para planear e tempo para agir. Tivéssemos
nós cedido a cantos de sereia (há um autarca da cidade que está sempre a dizer,
sem se rir, que quer “ajudar a câmara”...) e nesta altura não teríamos nem a
obra da Escola da Porta Nova, nem a Central Fotovoltaica, nem a Fábrica de
Painéis, nem o Pavilhão das Cancelinhas, etc., etc.. O antigo Campo Maria
Vitória ficaria em terra anos a fio.
Governar implica determinação, a procura de soluções e
coragem. Não se anda ao sabor das marés nem ao jeito do vento que sopra. O
tempo dirá quem tem razão. E o tempo, também, separará o trigo do joio.
Crónica publicada em "A Planície" - 1.10.2016
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