segunda-feira, 3 de outubro de 2016

QUE FAZER?



Foi essa a pergunta que não me coloquei, no dia a seguir às eleições autárquicas de 2013, fez na passada quinta-feira três anos. Sabia o que não fazer, e a essa tentação resisti durante três anos.

Durante três anos mantivémos um percurso iniciado e do qual fomos continuadores. Que fazer, então? Continuar a política de incremento de infraestruturas. Da conclusão da obra no edifício dos Quartéis se passou à criação de um novo espaço no Pavilhão das Cancelinhas, em Amareleja. Da finalização da obra da Ribeira de Vale de Juncos, nessa mesma vila se avançou para a abertura ao público do antigo matadouro. Onde outros soletram “caridade” nós dizemos solidariedade. O projeto ÁGORA SOCIAL tornou realidade a reabilitação de uma dezena de habitações. A elas se somarão as quatros casas do Pátio dos Rolins e, dentro de poucos dias, a abertura do concurso público que dará nova vida ao Bairro do Carmo. Concluiu-se o Parque de Leilão de Gado e colocou-se ao serviço da economia da região o Centro de Acolhimento a Microempresas de Moura. Apoiou-se o investimento (e isso foi expressamente reconhecido pelos empresários que lideraram projetos como o de Vale Formoso, o do Centro de Inspeção de Veículos ou o da expansão das atividades da Herdade dos Cotéis) e criaram-se condições para a instalação de uma grande superfície no antigo Campo Maria Vitória. No outro dia, alguém lembrava as “lascas de sangue” deixadas por gerações naquele terreno de jogo. Infelizmente, o sentimentalismo não resolve problemas urbanísticos e, em 15 anos, ninguém da oposição autárquica municipal apresentou soluções consistentes para aquele local. Com “lascas de sangue” ou sem elas.

O que não fazer? Ceder à demagogia barata e ao populismo. É importante fazer da atividade autárquica mais do que uma efémera distribuição de pequenas benesses. É crucial resistir aos que, a cada momento, querem mais e mais “reflexão”, mais e mais “estudos”, mais e mais “participação”. Reflexão, estudos e participação são matérias decisivas. Desde que não sejam pretexto para bloquear a atividade. Há tempo para planear e tempo para agir. Tivéssemos nós cedido a cantos de sereia (há um autarca da cidade que está sempre a dizer, sem se rir, que quer “ajudar a câmara”...) e nesta altura não teríamos nem a obra da Escola da Porta Nova, nem a Central Fotovoltaica, nem a Fábrica de Painéis, nem o Pavilhão das Cancelinhas, etc., etc.. O antigo Campo Maria Vitória ficaria em terra anos a fio.


Governar implica determinação, a procura de soluções e coragem. Não se anda ao sabor das marés nem ao jeito do vento que sopra. O tempo dirá quem tem razão. E o tempo, também, separará o trigo do joio.

Crónica publicada em "A Planície" - 1.10.2016

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