Boa parte da minha memória cinéfila de juventude passa pelo nome de Lauro António, agora desaparecido. Não tinha quem me orientasse na formação do gosto. Tive a sorte de frequentar o Apolo 70 e o Caleidoscópio, que já não existem e cujos programas de sala - um luxo, hoje incompreensível - me ajudaram, de forma decisiva. Eram textos curtos sobre os filmes que íamos ver. Eram, sobretudo, textos bem escritos e elucidativos.
A programação era anti-dogmática. Lembro-me que o Apolo 70 teve em cartaz "Balbúrdia no Oeste" para, de seguida, apresentar "Benilde ou a virgem mãe".
Hoje em dia, não há programação. Há as majors. E já ninguém se lembra de nomes como a Filmitalus ou a Rank. É por isso, por ter crescido noutro tempo (que neste aspeto particular era melhor), por ter formado o meu gosto de cinema em salas como essas - mais o Satélite, a Cinemateca, o Cinebolso pré-porno, e alguns mais - que me sinto tão sinceramente reconhecido a Lauro António. Obrigado!
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