segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

JOSÉ MATTOSO

Hoje, são 90 anos e 1 dia. Completou ontem 90 anos o professor José Mattoso, um nome maior da nossa historiografia e das nossas letras.

Lembro-me dele assim, em 1990, quando foi meu professor no Mestrado de História Medieval. Tinha ele 57 anos e parecia-me num homem muito velho. Não o era, claro. Leccionava um seminário com o "terrorífico" nome de Representações Mentais do Invisível. Pior, muito pior, eu era o único aluno do seminário. Não tinha fuga possível. Aulas individuais, dadas em tom grave e sem concessões: "já leste isto? já leste aquilo? estes parágrafos que escreveste não valem a pena, não vale a pena descobrir o que está descoberto". Rigor, exigência e disciplina. Foram meses decisivos na minha vida. Levou-me a fazer um trabalho razoavelmente complexo de comparação de ritos e rituais funerários (que prolongamentos teve a Alta Idade Média no Islão Peninsular, perguntava-me ele) e que me ainda hoje me traz gratas e saborosas recordações.

José Mattoso forma, com Cláudio Torres, António Borges Coelho e Pierre Guichard, o quarteto de luxo com que me cruzei na minha carreira. Sou um tipo cheio de sorte.

Parabéns professor e até sexta.

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