terça-feira, 6 de junho de 2023

EVENTO SOCIAL

Nunca tinha visto uma coisa assim. Já nem falo da chuva, que não impediu que a corrida se "realizasse". Não foi um aguaceiro momentâneo, mas sim chuva a sério. Enquanto via que o espetáculo continuava só me lembrava da morte do cavaleiro Quim Zé Correia (1945-1966), cuja morte se deveu ao piso escorregadio da praça do Campo Pequeno, empapado depois de uma tarde de chuva.

Surpreendente mesmo foi constatar que uma parte do público estava lá para se ver e não para assistir à corrida. Enquanto decorriam as cortesias, imensa gente estava de costas (!) para a arena, beijinho para aqui, beijinho para ali, ignorando por completo forcados, bandarilheiros e cavaleiros. Começou a chover antes de sair o primeiro touro. A chuva engrossou e quase toda a gente foi para debaixo das bancadas. Ali continuou o momento social. Já se estava no terceiro touro quando voltei ao lugar. Fiquei de pé. A chuva continuava. O desconforto era total e as condições para o espetáculo prosseguir com dignidade absolutamente nulas.

Nunca gostei de coisas sem qualidade nem dignidade. A meio saí. Não vinha irritado nem exaltado nem nada semelhante. Apenas triste, por constatar que são coisas assim que fragilizam um espetáculo cultural com raízes históricas. Imagino que quem foi para estar num evento social tenha ficado de alma cheia. Viram-se todos uns aos outros...

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