Conheci o Christophe no Castelo de Juromenha, no verão de 1987. Havia trabalhos arqueológicos em curso, dirigidos pelo Fernando Branco Correia e por ele e fui até lá, com o Miguel Rego e o Cláudio Torres. Foi o início de uma amizade longa, interrompida pela doença que o debilitou, cortando-lhe o contacto com o mundo. O Christophe morreu anteontem. Completara 70 anos dois meses antes.
Foi autor de obras fundamentais - uma delas, Le Portugal Musulman, é leitura obrigatória nas minhas aulas - que reposicionaram muitas questões referentes ao Islão neste Extremo Ocidente. Era um homem intectualmente brilhante, afável como poucos e de uma simplicidade pouco comum naquele meio. Tinha coisas engraçadas, quase ingénuas. Um dia, levou-me ao anfiteatro da Sorbonne onde dava aulas. A sala tinha o nome do seu avô, porque toda a sua família andara à volta dos temas da História e da Cultura Antigas. Não por acaso, o Christophe tinha nascido em Tunis.
Foi o presidente do meu júri de doutoramento (está do lado esquerdo, na fotografia), em junho de 2005. Pouco depois lançou-me o desafio de reiniciarmos, em conjunto, uma revisão/renovação do Le Portugal Musulman. Sim, claro, mas depois apareceu Moura, e depois a terrível doença dele.
Tenho, terei sempre para com o Cristophe uma imensa gratidão. E tenho a profunda pena de, nos últimos dez anos, não termos falado uma única vez. O nosso último encontro foi num seminário, perto de Nice, muito pouco tempo antes de ter começado a perder contacto com o mundo.
Uma grande porra, isto tudo...
1 comentário:
Fico muito triste com a sua morte, tanto como soube que estava tão doente. O Fernando emprestou-me alguns estudos dele e depois conheci-o nos Encontros de Palmela. Marcou-nos como historiador e como pessoa. Deixou um rasto de homem bom!
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