terça-feira, 31 de dezembro de 2024

CUBA 3/10: AMANHÃ

Celebram-se amanhã 66 anos. A fotografia, onde vemos, da esquerda para a direita, Che, Fidel e Cienfuegos, data de 8 de janeiro, dia em que o líder da guerrilha entrou em Havana.

Cienfuegos morreu poucos meses mais tarde, Che faleceu em 1967, Fidel em 2016. A revolução perdeu a sua aura romântica? Sim. Mas nunca deixará de nos fazer sonhar. E veio mostrar que a vontade dos povos deve ser mais forte que o imperialismo.


segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

RAMAL DE SUESTE - 35 ANOS SE PASSARAM

No dia 31 de dezembro de 1989 terminou o transporte ferroviário de passageiros para Moura.

Nos últimos tempos, a frequência de automotoras diminuira e o número de passageiros caira. O número de carros particulares tinha subido muito e em vez de duas horas e meia de trajeto, ida e volta, gastava-se menos uma hora. As automotoras eram, em segunda classe, desconfortáveis (toda a gente se lembra dos célebres bancos em sumapau) e cheirava a gasóleo dentro da carruagem. O Governo, a CP, o Estado, estavam-se/estão-se marimbando para estas longínquas paragens. O desinvestimento foi evidente, a qualidade do serviço era uma desgraça e a linha fechou.

O edifício em si teve, depois, uma longa história, que terminou com a sua cedência à autarquia. Mas isso será tema para outra conversa, um destes dias.

Do ponto de vista pessoal, e defensor que sou dos transportes públicos, continuei a usar o comboio. Ainda este mês, numa só semana, fui a Braga uma vez e outra ao Porto. Para Moura é que não deverei voltar a fazer o trajeto dessa forma.

domingo, 29 de dezembro de 2024

BOOGIE DOODLE

Memória de um fantástico e hoje pouco visto - fora do circuito cinéfilo - fazedor de imagens. Nasceu no Reino Unido, fez a maior parte da sua carreira no Canadá e chamou-se Norman McLaren (1914-1987). Como hoje em dia só temos direito a telelixo, aqui vos deixo estes momentos de pura magia.


sábado, 28 de dezembro de 2024

MEIA DOSE É MEIO OVO

As sofisticadas avaliações que, hoje em dia, se fazem, a propósito de bistrôs, fine dinnings, tabernas chiques etc., trazem-me sempre à memória aquele modesto restaurante de uma vila na raia alentejana onde serviam doses e meias-doses de grão com bacalhau. Um prato simples e que continua a estar no meu top de preferências na idade adulta (bacalhau era, na infância, sinónimo de birras e de bofetadas).

Qual a particularidade? É que a meia-dose vinha sempre com meio ovo cozido, cirurugicamente cortado. Quando uma amiga estranhou o "procedimento", clarifiquei: se é meia-dose é meio ovo; quando pedes meia de frango assado, também é meio frango.

As saudades que eu tenho desse pequeno e simpático restaurante, por onde onde passavam as pessoas que vinham dos montes, e ali tomavam uma refeição e mudavam de sapatos, para entrarem na vila.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

A PROPÓSITO DO PANAMÁ

Este texto foi publicado no "Diário do Alentejo" no dia 21.1.1999. Há mais de um quarto de século. Deixo-o, sem mais comentários, à consideração de quem possa estar interessado no aqui se publica.

Retiraria apenas a última frase: "o imperialismo não morreu, apenas se foi tornando mais subtil e sofisticado".


QUARTA-FEIRA, 21 DE JANEIRO DE 2009

O NASCIMENTO DE UMA NAÇÃO

Não é todos os dias que alguém decide criar um país. Foi, contudo, o que sucedeu em 1903, quando o presidente americano Theodore Roosevelt pôs termo a infindáveis negociações com a Colômbia e determinou que a parte norte deste país se tornaria independente e que teria o nome de República do Panamá.
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A discórdia, se assim se lhe pode chamar, entre as duas nações girava em torno da abertura de um canal ligando o Atlântico e o Pacífico. A empresa construtora falira e o impasse prolongava-se sem acordo à vista. Depois de uma rápida rebelião orquestrada pelo governo norte-americano e organizada no terreno por um engenheiro chamado Bunau-Varilla os colombianos ainda esboçaram um simulacro de resistência, enviando para a cidade de Colón 200 soldados. A companhia ferroviária argumentou que não tinha a possibilidade d e transportar tanta gente e acedeu em fazer chegar à cidade do Panamá apenas o general Tokar e os seus ajudantes de campo. Ali foram amigavelmente recebidos, convidados para almoçar e depois gentilmente metidos na cadeia. Todas estas cenas de opereta estão contadas no fascinante Getting to know the general, de Graham Greene.
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A 3 de Novembro de 1903 nascia o novo país. Uma semana mais tarde o governo americano e Bunau-Varilla assinavam um tratado referente ao canal, numa cerimónia em que não interveio qualquer panamiano. Durante quase um século, os Estados Unidos detiveram um completo controlo sobre 1432 km2 de outro país: o canal propriamente dito e mais 5 km para cada lado. Ali mandavam os norte-americanos: leis, tropas, tribunais, tudo se regia por princípios idênticos aos de qualquer outro estado da União. Aos panamianos estava destinado o papel de estrangeiros na sua própria terra. A Theodore Roosevelt estaria reservado o Prémio Nobel da Paz de 1906, bem como a construção da teoria do big stick, uma certa forma América de conceber a política externa e o Mundo.
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Décadas de humilhação e de ocupação ilegítima desse troço de território terminaram, de forma quase total, no dia 31 de Dezembro de 1999, quando o canal passou para a posse do Panamá, por entre comentários paternalistas sobre a capacidade dos indígenas em gerirem o seu próprio país. Graham Greene, e o seu anfitrião, o general Omar Torrijos, já não viram esse dia. Nem puderam saber que continua de pé a cláusula que prevê a possibilidade de os Estados Unidos poderem intervir militarmente se o Panamá não puder assegurar a segurança da zona. Nada de muito supreendente. O imperialismo não morreu, apenas se foi tornando mais subtil e sofisticado.


Está crónica foi publicada no DIÁRIO DO ALENTEJO, faz hoje exactamente dez anos. O tema continua actual. Omar Torrijos pereceu num desastre de aviação, em 1981. Graham Greene faleceu em 1981, aos 87 anos. O livro está disponível na amazon, com preços a partir dos 2 euros.
A imagem de Ansel Adams (1902-1984), captada no deserto do Nevada, em 1960, aponta para o infinito e para os caminhos que nunca se acabam nem se concluem.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

O MELHOR...

Uma avalanche, a toda a hora, em toda a comunicação social: há sempre alguém a descobrir a melhor qualquercoisadomundo: a melhor praia / a melhor bica / o melhor pão / o melhor pastel de nata / o melhor queijo / a melhor imperial. Bora lá a descobrir onde é q melhor paisagem, a melhor praia, a melhor cascata, a melhor sombra, o melhor trail, o melhor por do sol, a melhor montanha. Um pesadelo de coisas melhores.

Quando, há semanas, fui de férias fui inquirido no regresso "foste ao sítio tal? e ao bar tal?". E eu não, nem um nem outro. Não tenho pachorra para picar sítios e tenho pouco instinto gregário. Nunca fui à melhor qualquercoisadomundo. Não sou menos feliz por isso. Paciência é coisa que nunca tive assim em grande quantidade.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

É NATAL NO PARAÍSO...

RECECIONISTA: Happy Christmas!
DEBBIE: Oh, is it Christmas today?
RECECIONISTA: Of course, madam. It's Christmas every day in Heaven.

É assim que começa a última cena do filme "O sentido da vida", dos Monty Python. Depois, Graham Chapman (1941-1989) aparece disfarçado à Freddy Breck, à Tony Bennett ou à Engelbert Humperdinck, algo assim.

Uma recordação para o dia de hoje.


terça-feira, 24 de dezembro de 2024

MÁSCARA Nº. 23: BARCELOS

Olhos, nariz e boca na Igreja do Senhor Bom Jesus da Cruz. Mais uma "cara" para a coleção. De Trinidad, Cuba, se passa para Barcelos, Portugal: 6900 kms. de distância.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

CEAL: O TEMPLO DA ENERGIA

A central elétrica já existia desde há umas décadas quando era criança. A minha geração conhecia o edifício como sendo da CEAL - COMPANHIA ELÉCTRICA DO ALENTEJO E ALGARVE — CEAL, S.A.R.L. -, constituída em 4 de Novembro de 1954. A CEAL foi nacionalizada em 15 de Abril e integrada na EDP – Electricidade de Portugal, E.P. em 1976.

O projeto inicial, segundo informação do meu colega José Francisco Finha foi da autoria do Eng. Carlos Alberto Roeder (de acordo com o Jornal de Moura de maio de 1928, que o José Francisco generosamente me enviou). O edifício teve depois uma adaptação interior - creio que do já desaparecido arq. José Garrett -, estando hoje ocupado por instalações da Guarda Nacional Republicana.

Fica-me uma dúvida, e uma vez que o texto do J.M. não é explícito. O eng. Carlos Alberto Roeder foi autor do projeto técnico da central e também do arquitetónico? É que o desenho - fenestrações e frontão ao jeito clássico - "remete" para a intervenção do arq. Jorge Segurado em Moura, ocorrida na mesma altura.

O que tem graça no desenho original é aquele ar de fábrica-templo, tão ao gosto do século XIX. A burguesia "nobilitava-se" indo buscar inspiração no mundo greco-romano (Paestum na imagem inferior).

Ver: http://arquivo.jornalarquitectos.pt/pt/243/destaque%201/

domingo, 22 de dezembro de 2024

O ÚLTIMO LIVRO DE ASTÉRIX

O último livro de Astérix data, de facto, de 1976 (Obélix e companhia). René Goscinny morreu, muito novo, em 1977. Depois disso, "saiu" Astérix entre os belgas, começado por Goscinny, mas que ele já não terminou.

René Goscinny era um genial criador e o último livro que completou - Obélix e companhia - é uma mordaz sátira ao sistema capitalista e à criação e venda de (in)utilidades.

De 1979 até hoje sairam mais 16 livros. Nenhum deles ultrapassa o patamar da mediocridade. Vem aí outro, em 2025. É para vender e da muitos milhões, aposto eu. Valham-nos os 24 livros que foram publicados entre 1961 e 1979.


sábado, 21 de dezembro de 2024

GAIA ISLÂMICA

Não há mouros no norte? Em princípio, não. É isso o que se diz. Mas há dias, em Gaia, dei com este edifício, a cerca de 300 metros da gare ferroviária. É tudo o que resta da outrora produtiva Companhia Cerâmica das Devezas. Do outro lado da rua há uma casa em mau estado, de gosto bourgeois ao estilo do final do século XIX. Cerâmicas polícromas, merlões de raíz oriental, arcos ultrapassados, um neo-mourisco, mais do sul que do norte. Uma Gaia com arte islâmica.


sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

QUANDO ZECA LEU O FUTURO

Se o Adolfo pudesse ressuscitar em Abril
Dançava a dança macabra com os meninos nazis

Depois mandava-os a todos
Com treze anos ou menos
Entrar na ordem teutónica
Combater os sarracenos

Os pretos, os comunistas
Os Índios, os turcomanos
Morram todos os hirsutos!
Fiquem só os arianos!

A ignomínia que a imagem mostra aconteceu ontem. Porquê e em nome de quê?

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

O'NEILL

Centenário do nascimento. Hoje.

 








Ó Portugal, se fosses só três sílabas,

linda vista para o mar,

Minho verde, Algarve de cal,

jerico rapando o espinhaço da terra,

surdo e miudinho,

moinho a braços com um vento

testarudo, mas embolado e, afinal, amigo,

se fosses só o sal, o sol, o sul,

o ladino pardal,

o manso boi coloquial,

a rechinante sardinha,

a desancada varina,

o plumitivo ladrilhado de lindos adjectivos,

a muda queixa amendoada

duns olhos pestanítidos,

se fosses só a cegarrega do estio, dos estilos,

o ferrugento cão asmático das praias,

o grilo engaiolado, a grila no lábio,

o calendário na parede, o emblema na lapela,

ó Portugal, se fosses só três sílabas

de plástico, que era mais barato!

 

*

 

Doceiras de Amarante, barristas de Barcelos,

rendeiras de Viana, toureiros da Golegã,

não há "papo-de-anjo" que seja o meu derriço,

galo que cante a cores na minha prateleira,

alvura arrendada para ó meu devaneio,

bandarilha que possa enfeitar-me o cachaço.

 

Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,

golpe até ao osso, fome sem entretém,

perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,

rocim engraxado,

feira cabisbaixa,

meu remorso,

meu remorso de todos nós...


ó Portugal, se fosses só três sílabas

de plástico, que era mais barato!

MUNCH BARCELENSE

Ao deambular pela cidade do Cávado dei com esta estátua, intitulada A peregrina. Os contornos são munchianos, assim me pareceu. A permanente surpresa da Arte.


quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

SALAZAR, O PETRÓLEO E BORGES

O excerto é de uma recente e importante entrevista de Rui Vilar. O episódio sobre Salazar é sobejamente conhecido. Oliveira Salazar era, na sua profunda tacanhez, uma personalidade de contornos borgesianos. Era o homem que estava convencido que era possível parar o tempo. Que era possível deter a marcha do tempo e manter o mundo na sua ruralidade imóvel. A história do petróleo é disso exemplo. Mas há muitas outras.

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

BARCELOS, NO DIA 14

O mês tem sido desassossegado, mas não poderia recusar este convite/desafio. Tratava-se da inauguração de duas exposições da obra de Moita Macedo, em Barcelos (7h 15 mins. de comboio, entre ida e volta). Uma no núcleo museológico da Santa Casa da Misericórdia, outra na Galeria Municipal de Arte. São dois espaços muito bons e que enquadram perfeitamente as obras. O meu "papel" passou, sobretudo, pela apresentação do filme "Moita Macedo, pintor e poeta na revolução". Fiquei contente por ter ido e, agora, ainda teria ficado mais aborrecido se tivesse faltado.

Quem está na fotografia, mais em baixo?

O autor do blogue, Paulo Macedo (filho do pintor), Mário Lopes (presidente da câmara) e Nuno Reis (provedor da SCM).

Link para o filme:

https://www.youtube.com/watch?v=rVN8y26JQtA





segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

A PROPÓSITO DE VAIDADES

Vanitas vanitatum et omnia vanitas. Vaidade das vaidades, tudo é vaidade. A alocução é conhecida e está na Bíblia. Mais precisamente no Ecclesiastes, um dos livros (sécs. V-II a.C.) do Antigo Testamento.

A frase sublinha a rapidez da passagem do tempo, a vacuidade das coisas, a brevidade do sonho que a vida terrena é.

Lembrei-me disto, quando há pessoas que usam muito a palavra vaidade e ao encontrar uma arruinada placa no Paço de Barcelos. O sr. Fonseca mencionado no texto era, decerto, uma pessoa muito importante. O dr. Alfredo Magalhães é, provavelmente, José Alfredo Mendes de Magalhães (1870-1957), homem muito importante no norte e que, hoje, só os que estudam o republicanismo identificarão.

A vaidade é achar que se é terrivelmente importante. Pobreza de espírito é estar sempre a apontar vaidades alheias sem se ter um espelho à frente. A quem isto possa interessar, ou dizer respeito, dedico o poema de Alfred Tennyson (1809-1892)... All things must dye.

Clearly the blue river chimes in its flowing

Under my eye;
Warmly and broadly the south winds are blowing

Over the sky.

One after another the white clouds are fleeting;
Every heart this May morning in joyance is beating

Full merrily;
Yet all things must die.

The stream will cease to flow;
The wind will cease to blow;
The clouds will cease to fleet;
The heart will cease to beat;
 For all things must die.

All things must die.

Spring will come never more.

O, vanity!
Death waits at the door.

See! our friends are all forsaking
The wine and the merrymaking.

We are call'd—we must go.

Laid low, very low,
In the dark we must lie.

The merry glees are still;
The voice of the bird
Shall no more be heard,
Nor the wind on the hill.

O, misery!
Hark! death is calling
While I speak to ye,
The jaw is falling,
The red cheek paling,
The strong limbs failing;
Ice with the warm blood mixing;
The eyeballs fixing.

Nine times goes the passing bell:
Ye merry souls, farewell.

The old earth
Had a birth,
As all men know,
Long ago.

And the old earth must die.

So let the warm winds range,
And the blue wave beat the shore;
For even and morn
Ye will never see
Thro' eternity.

All things were born.

Ye will come never more,
For all things must die.


domingo, 15 de dezembro de 2024

O SR. ETC. ETC.

Esta inscrição funerária está num museu da cidade de Havana. Chamou-se Pierre-Claude e foi Marquis Duquesne. Era um homem tão importante, mas tão importante, que o desfiar de títulos não chegava. Ele foi isto e mais aquilo e mais aqueloutro. E o resto do seu currículo foram quatro ETC. porque não devia caber tudo na lápide.

 

Na verdade, com tanta honraria, terminou tão horizontalmente como todos os outros.



sábado, 14 de dezembro de 2024

RÁDIO SAUDADE - nº. 50

E o programa Rádio Saudade chega amanhã à sua emissão nº. 50. Tenho especial prazer em fazer o programa que, aparentemente, tem audiência (!) e que me obriga a trabalhar em domínios até aqui desconhecidos. Quase parece mentira que tenha passado quase um ano, mas a memória deste domingo merece referência especial. A Banda do Casaco foi um projeto musical de grande originalidade surgido na segunda metade da década de 70. Vale a pena recordar, ouvir e admirar.







sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

CUBA 2/10: FLORIDITA

Detesto tanto os sítios "icónicos" tanto quanto detesto a palavra icónico. Mas este é um pouco diferente. E foi assim que desembocámos no El Floridita, entre barmen simpáticos, muito bons daiquiris (a 2250 pesos, una barbaridad...), boleros e uma chusma de americanos aos berros, com ar proprietário isto-já-é-tudo-nosso, e turistas que entravam para uma fotografia e uma selfie e não consumiam. Fui lá com a maior fã de Hemingway que conheço. Voltámos uns dias mais tarde, evidentemente.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

ERA UMA VEZ UM BURRO QUE...

... quando estava quase a habituar-se a não comer, morreu à fome.

A Argentina tem 53% de pobres e os custos sociais da política económica da criatura não têm medida. O que (já) não me espanta? A sabujice que vai pela comunicação social.

MAALOULA

Maaloula fica na Síria.
Em Maaloula há igrejas e o extraordinário Convento de Santa Tecla. Ouvi lá rezar em árabe e assisti a uma peregrinação de cristãos vindos da Índia.
O que acontecerá agora?...

 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

MUSEU DAS DESCOBERTAS: ÓMEGA

Foi assim, em estilo de boa disposição, que encerrei, na minha vida, o capítulo Museu das Descobertas. Foi ontem, em Vila Nova de Gaia. O raid foi inusitado (estive 3 horas e 47 minutos em Gaia...) e ainda deu para descobrir vestígios do Islão no norte. Pois, não há só "mouros" no sul.

Em relação ao projeto, julgo ter deixado claro porque não avançou, quais foram as armadilhas e quais as possibilidades de uma tal empresa. Não acredito que se concretize, embora fique a desejar que sim.


Fotografia da minha amiga e colega Patrícia Remelgado.

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

MOURA, E O CANTE FOI UMA FESTA

Num domingo diferente do habitual, fui a Moura participar na apresentação de um magnífico livro sobre o cante alentejano. Um registo fotográfico que ficará para o futuro, da autoria de Ana Baião.

A Taberna O Barranquenho continua a inovar. Desta vez com a apresentação de um livro e uma pequena sessão musical, que se deve ter prolongado noite dentro.

O cante foi mesmo uma festa. 




segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

QUASE A TERMINAR O ANO...

Mesmo a terminar o ano (ou quase) ainda teve lugar a sessão solene de homenagem a Guerra Junqueiro.

No final, não podia faltar a fotografia de grupo dos trabalhadores do Panteão Nacional com o Presidente da República, com a Ministra da Cultura, com o Presidente da Museus e Monumentos de Portugal, com o Vice-Presidente da Assembleia da República e o representante da Fundação Maria Isabel Guerra Junqueiro e Luís Mesquita de Carvalho.

Fotografias: Ana Vale (MMP, EPE)



domingo, 8 de dezembro de 2024

ANO 16

O blogue chegou aos 16 anos. Ainda não é bem um calhambeque, mas para blogue tem idade respeitável.


sábado, 7 de dezembro de 2024

O PINTOR DE TRINIDAD

Jorge Silot nasceu em Trinidad, em 1981. Tem uma loja/ateliê perto da Plaza Mayor. Falámos um pouco sobre os temas que lhe interessam e sobre a iconografia que destaca nas suas pinturas. Foi lá que comprei uma tela, de marcado gosto popular. Terá honras de destaque, dentro de semanas, em Mértola.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

10 ANOS DE CANTE - ANA BAIÃO

Raid a Moura, no domingo . Para participar na sesão de apresentação do livro de Ana Baião. Um magnífico trabalho, do qual não falarei aqui. A Taberna do Barranquenho é o sítio certo.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

DO TURISMO AOS TROVANTE

Vai haver de tudo um pouco.

Levantando a ponta do véu: como é visto o Panteão Nacional no cinema, na fotografia, na pintura, na serigrafia, na banda desenhada, na iconografia antiga, na publicidade? Respostas na sala de exposições temporárias a partir de maio de 2025.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

NA MESQUITA DE LISBOA

Visita com os alunos da cadeira de "História do al-Andalus" à mesquita de Lisboa. Fico sempre com a convicção que esta passagem pela realidade é mais útil que todos os diapositivos que possa mostrar nas aulas.

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

CUBA 1/10: FIDEL CASTRO

Quanto mais o tempo passa, mais cresce a minha admiração por Fidel Castro. Pela coragem, pela capacidade de resistência, pelo desafio, pela tentativa de criação de um modelo alternativo, por ter criado em tantos de nós a ideia de que a utopia era possível. E quanto mais vejo tantos políticos de pantufas, acomodados e sem uma chispa de entusiasmo ou de imaginação, mais essa admiração cresce.

A fotografia data de 24.4.1959 e foi tirada por Alberto Korda no zoo de Nova Iorque. A viagem foi decisiva. Eisenhower não lhe passou cartão e foi jogar golfe. O resto da História é conhecida.


segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

MÁSCARA Nº. 22: TRINIDAD, CUBA

Mais uma face, numa rua "lateral" de Trinidad, no sul da ilha de Cuba.

domingo, 1 de dezembro de 2024

GAZA

O blogue que dá título a esta rúbrica “Avenida da Salúquia, 34” teve início no mês de dezembro de 2008, já lá vão 16 anos. O blogue é quase um diário pessoal, onde muitos temas foram, e são, abordados. Muita coisa mudou, em 16 anos. Na nossa terra, no País, no mundo. Tudo, menos um tema: GAZA.

 

A faixa de Gaza foi o tema do dia, no meu blogue, em 29 de Dezembro de 2008. Reproduzia uma fotografia de cinco crianças amortalhadas. O texto que escrevi era este: “A foto é de hoje, da France Presse. A legenda diz apenas "Corpos de cinco irmãos palestinianos, em Gaza". Não é necessário que diga mais. O quadro de Arnold Böcklin, ‘A ilha dos mortos’, ganha, à luz de Gaza, uma nova e terrífica dimensão”. Reproduzia no blogue uma imagem de uma célebre tela do pintor suíço.

 

A morte violenta, e a opressão sobre a população palestiniana assombra, todos os dias, a Faixa de Gaza. O que é a Faixa de Gaza? Um território com 365 km2. Algo semelhante à soma das freguesias de Santo Amador, da Póvoa de S. Miguel e da Amareleja. Nesse espaço sobrevivem (sobreviviam...), em condições infra-humanas, 2.375.000 pessoas. É o equivalente à soma dos habitantes de Lisboa, Sintra, Vila Nova de Gaia, Porto, Cascais, Loures, Braga, Almada e Matosinhos. Tentemos imaginar quase dois milhões e meio de pessoas “vivendo”, praticamente sem infraestruturas, em cerca de um terço do nosso concelho.

 

Beatificamente, em outubro de 2023 o Governo Português descobriu onde fica Gaza. E condenou os 300 mortos israelitas. Eu também condeno.

Gostaria de ver o Governo Português condenar a chacina diária de palestinianos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

 

Quando ouço as notícias só me lembro, disparatadamente, dos roseirais de Gaza. Eram célebres em todo o Médio Oriente. Foram praticamente extintos durante as sucessivas guerras. Os que resistem cairam, indiretamente, nas mãos de comerciantes israelitas. Ou estes entravam no negócio ou as rosas não saiam de Gaza. De Gaza não se sai. Em Gaza não se pode entrar. É em roseirais que nunca vi que penso nas muitas vezes que penso em Gaza. Como raio será viver em Gaza?

 

Quando ouço as notícias só me lembro, disparatadamente, de um livro de Michael Avi-Yonah, onde se falava do património de Gaza e dos ateliers que, no século VI, fabricavam, ao mesmo tempo, mosaicos para igrejas e para sinagogas. Um tempo irreal, ante a bestialidade organizada do Governo de Israel.

 

Gaza é um crime diário contra a Humanidade. É o genocídio diário do Povo da Palestina. Gaza é o Apocalypse Now e o homem que murumura “o horror! O horror!”. Gaza é o final do poema de Sophia “Vemos, ouvimos e lemos”: “Nada pode apagar / O concerto dos gritos / O nosso tempo é / Pecado organizado”. Gaza é a vergonha de todos nós.


Crónica em "A Planície".


Fotografia de Larry Towell