"O Acién já cá não está", dizia a SMS recebida há pouca. A certeza foi-me dada quando, poucos segundos depois liguei ao Fernando Branco Correia. Um aneurisma levou, subitamente, Manuel Acién Almansa, historiador e arqueólogo brilhante. Acima de tudo, um ser humano extraordinário.
Conheci o Mane em 1991, num congresso em Rabat. Ele era já um historiador prestigiado. Isso não impedia de nos vir perguntar, aos putos, "acham que correu bem? é que eu estava nervosíssimo". Achava imensa graça aquela quase ingenuidade. Que estava de acordo com a sua timidez e com uma simpatia a que não dava descanso.
Os momentos de convívio - quase sempre nas horas mortas dos congressos - confirmaram a certeza de estar ante um académico excecional. Uma visita ao castelo de Mula confirmaria, em definitivo, essa ideia. O seu sentido lúdico das coisas prolongou-se, nessa noite, quando nos arrastou para um bar perdido de Murcia. A incursão a "Los Embajadores" (el bar de los noctámbulos de la ciudad, dir-me-ia, com divertida convicção) foi um dos muitos momentos de descontração.
Sempre me surpreendeu, no Mane, essa capacidade de se divertir, de uma forma discreta, tímida mesmo, que tinha contraponto no rigor intelectual que o levava a escrever obras como Entre El Feudalismo Y El Islam : Omar Ibn Hafsun en los historiadores. A sua extensa bibliografia é um exemplo de rigor, inteligência e capacidade de análise. Nos últimos anos encontrei-o menos vezes. Mas não esquecerei, nunca, os seus comentários certeiros e a sua sabedoria pouco ostentatória. E aquela bondosa simplicidade que tanta falta nos fará.
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