domingo, 1 de setembro de 2013

DO RIJKSMUSEUM A MOURA, PASSANDO POR MÉRTOLA

Uma das atitudes mais banais, em políticos analfabetos, é a de dar patadas na Cultura.

Permito-me citar um recente artigo de Nicolau Santos, no semanário Expresso:

É por isso que a cultura está a morrer neste país, juntamente com a economia. E se a economia pode ainda recuperar lentamente, já a cultura que desaparece não volta mais. Um país sem economia é um sítio. Um país sem cultura não existe. Durante a II Guerra Mundial, quando o esforço militar consumia todos os recursos das ilhas britânicas, foi sugerido ao primeiro-ministro Winston Churchill que cortasse nas verbas da cultura. O homem que conduziu a Inglaterra à vitória sobre a Alemanha recusou perentoriamente. “Se cortamos na cultura, estamos a fazer esta guerra para quê?”.

Torna-se, por isso, quase deprimente ouvir opiniões desqualificadas sobre os museus feitos em Moura nos últimos anos. Na realidade, o único espaço museológico é o Museu Gordillo, que custou aos cofres do Município, incluindo toda a recuperação do edifício, cerca de 75.000 euros. A reabilitação da Torre de Menagem custou à Câmara pouco mais de 5.000 euros.

Como é evidente, não são museus a reabilitação dos Quartéis, os trabalhos na Mouraria, na igreja do Espírito Santo ou no Pátio dos Rolins. Tal como não será um museu o Pavilhão das Cancelinhas... Como é bem sabido, a Cultura, o Património e os museus (sim, isso mesmo!) ou até a arquitetura contemporânea têm reflexos na economia. Incluindo, ou mais até, em regiões como a nossa. E são, para quem o quiser entender, uma parte decisiva do nosso futuro.

Levar a cabo esse trabalho requer conhecimento e persistência. É o que uma vasta equipa tem feito para este Município. Essa parte é difícil. Fácil mesmo é mandar bocas nos cantos dos cafés e no facebook.


A que propósito vem aqui Mértola? Na sexta de manhã, o segurança que nos conduzia ao gabinete do Presidente do ISEL, para uma reunião, pergunta-me "você é um dos autores do Museu Islâmico de Mértola, não é?". Confirmei, mal escondendo a estupefação. Como é que raio?... Pois é. Os museus ganham, cada vez mais, uma nova dimensão. Coisa fácil de perceber, para quem estiver atento. 

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