domingo, 26 de março de 2017

STARDUST MEMORIES Nº 8: JUNTO AO MARCO 1047

Há muito tempo não parava naquele sítio. Contudo, durante anos a fio (1972/1981) aquela paisagem foi-me mais que familiar. Vinha-se do Rosal de la Frontera, mas não se seguia em frente. Subia-se uma suave rampa à direita e o carro parava debaixo de um alpendre. Até ao 25 de abril havia agentes da DGS e funcionários da alfândega. Os carros eram sempre revistados (um esporádico "contrabando chique" de brandy Fundador, de perfume Maderas de Oriente, de horrendos pratos DURALEX e de varinhas mágicas TAURUS eram o prato forte dos mourenses de então), os passaportes carimbados, numa espera de geometria variável e indefinível. Esse tempo já lá vai.

O edifício está ao abandono, os anexos com ar sombrio. O padrão da lusitanidade, obra do Estado Novo, jaz, sem graça, do outro lado da estrada.

O marco 1047 continua a dizer onde os países começam e terminam.


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