Juntem-se dois portugueses distraídos algures no norte de África e a coisa pode não correr bem... Foi na primavera de 2007. Olhámos (Cláudio Torres e eu) o combóio que acabava de parar na estação de Mar Girgis, no Cairo. Parêntesis para referir que o metro do Cairo era (imagino que assim se mantenha) imaculadamente limpo, barato e pontual. Os turistas não usavam muito e não sabiam o que perdiam. Fim de parêntesis. As portas abrem-se e vamos diretinhos a uma porta. Os funcionários no cais esbracejavam vigorosamente. Rimos, fizémos adeus e entrámos. As portas fecham-se e há uma agitação de trajes negros. Sussuros, exclamações, vultos que se afastam. Tinhamos entrado numa carregam só para mulheres. Há-as mistas e só para senhoras. O Cláudio verbalizou o óbvio "oh pá, merda, já demos barraca". Tinhamos mesmo. Fez-se uma larga clareira à nossa volta. Saímos na estação seguinte. Não fomos detidos nem assediados.
Vem isto a propósito da recente proposta/sugestão de Joana Amaral Dias de serem criados espaços separados nos transportes públicos. Querer resolver problemas erguendo muros nunca foi grande ideia. E nunca solucionou coisa alguma.
Joana Amaral Dias, autora da proposta de exclusão, numa célebre capa de revista.
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