De cada vez que se fala em Função Pública salta o coro: chulos, malandros, dissipadores, sibaritas etc. A opinião tabloidizou-se e o "Correio da Manhã" é o novo oráculo da filosofia de esquina. A Função Pública está hoje mais desprestigiada e mais desconsiderada que nunca. Um carnaval burocrático faz a vida num inferno a quem está no Estado. A melhor de todas é uma anedota chamada SIADAP (que teve o acordo da FESAP e do STE), que depois obriga muitas entidades públicas a recorrerem a "consultores", especializados em explicar as leis...
Infelizmente, vive-se o momento e olha-se pouco o passado. Não há "histórico". Se houvesse tropeçaríamos nos nomes de Manuela Ferreira Leite, de José Sócrates, de Hélder Rosalino, sobretudo no de João Figueiredo, que espatifou alegremente os quadros de pessoal e introduziu esquemas de progressão que não mobilizam nem estimulam quem quer que seja. Sei do que falo e tenho disso provas. No meio deste carnaval - a palavra é apropriada - esteve um acordo negocial,em 2008, que previa prémios pecuniários de desempenho. Não se riam, por favor... A menos que haja um número razoável de pessoas que o tenha recebido. Se sim, retiro o que estou a dizer e deixarei de chamar tansos e totós a quem assinou o acordo.
Nisto estamos. A propaganda fala em progressões, em escalões que são galgados... Há aumentos líquidos de cêntimos ou de uns poucos euros. Parte do aumento só será recebido em 2019. Depois chora-se a saída de quadros para outros setores. Pois.
Decidi, há semanas, dar início à minha thèse d'habilitation. Não me dará nem mais um cêntimo na remuneração. Tal como um doutoramento, feito a expensas da economia familiar, também não deu. A formação avançada não conta. A burocracia conta muito mais.
Adiante, com determinação e empenho.
Com um ponto por ano, daqui a 70 anos (em 2096, mais coisa, menos coisa) estarei no topo da carreira. Se for um top gun da Administração Pública, é já em 2032, aos 69 anos. E bico calado, que aos 54 anos não há assim tantos na posição 45...
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