sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

POEMA ÚNICO

Tenho horror a má poesia. Mais que a má pintura ou a má fotografia. Por isso me atrevo a fotografar, mas jamais serei capaz de escrever um poema. Vem isto a propósito de um suposto poema de Sophia que andou pela net. Bastava um minuto de leitura mais atenta para perceber que se tratava de um apócrifo.

Subitamente, tive um calafrio. Recordei um "poema" que escrevi - sei lá porquê - aos 18 ou 19 anos. Numa altura em que nem sequer lia poesia - Gomes Ferreira, os românticos e pouco mais... - e em que não deveria ter ousado a tal. Recordei, com toda a nitidez, a pequena folha quadriculada. E que o texto era curto. Recordo também duas estrofes que não reproduzirei. A folhinha foi metida dentro de um livro. Já lá vão quase 40 anos. Primeiro pânico: que alguém a encontre. Segundo pânico: que a folha possa estar assinada.

Enquanto o "poema" único, literalmente único, permanece sepultado num justo esquecimento, é bem melhor ler Sophia. A verdadeira.

Os Amigos

Voltar ali onde 
A verde rebentação da vaga 
A espuma o nevoeiro o horizonte a praia 
Guardam intacta a impetuosa 
Juventude antiga - 
Mas como sem os amigos 
Sem a partilha o abraço a comunhão 
Respirar o cheiro a alga da maresia 
E colher a estrela do mar em minha mão

De um sítio que tem a ver com Amizade

1 comentário:

oasis dossonhos disse...

Santiago não faz parte da minha matriz engraxar. Contudo, gostei muito deste belo atrevimento, tão sentido. Fraterno Abraço.