quinta-feira, 8 de julho de 2021

MONTE NEBO

Andando aqui às voltas com papéis fui dar com esta fotografia, feita no final de 2006, na Jordânia. Foi o sítio onde Moisés morreu, sem ter chegado à Terra Prometida. Do Monte Nebo via-se o que ele nunca atingiu. Poder-se-ia ter perguntado, como Vinicius de Moraes no poema, se tinha chegado ao fim de todos os caminhos. Curiosamente, na porta da igreja faltam o alfa e o ómega, que marcam o início e o fim das coisas...

A finitude das coisas é-me mais evidente no local onde trabalho. O que se tona, afinal, mais um motivo para celebrar a beleza de todos os dias.

FIM
Será que cheguei ao fim de todos os caminhos
E só resta a possibilidade de permanecer?
Será a Verdade apenas um incentivo à caminhada
Ou será ela a própria caminhada?
Terão mentido os que surgiram da treva e gritaram — Espírito!
E gritaram — Coragem!
Rasgarei as mãos nas pedras da enorme muralha
Que fecha tudo à libertação?
Lançarei meu corpo à vala comum dos falidos
Ou cairei lutando contra o impossível que antolha-me os passos
Apenas pela glória de tombar lutando?

Será que eu cheguei ao fim de todos os caminhos...
Ao fim de todos os caminhos?

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