Ontem, ao redigir um texto que me pediram, achei que a melhor maneira de o começar era com um poema de Verlaine, que teve um significado muito especial, na primavera de 1944. Optei pela versão de Manuel Bandeira e não pela original. A cadência muito particular do poema em francês é aqui quase retomada pelo poeta brasileiro. Coisas do talento.
E chega abril, que março terá sempre uma carga outonal. Com Verlaine e as cores de Martin Parr.
Loders Street Fair, England, 1999, by Martin Parr
Canção de outono
Estes lamentos
Dos violões lentos
Do outono
Enchem minha alma
De uma onda calma
De sono.
E soluçando,
Pálido, quando
Soa a hora,
Recordo todos
Os dias doidos
De outrora.
E vou à toa
No ar mau que voa.
Que importa?
Vou pela vida,
Folha caída
E morta.
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