sexta-feira, 31 de março de 2023

E CHEGA ABRIL

Ontem, ao redigir um texto que me pediram, achei que a melhor maneira de o começar era com um poema de Verlaine, que teve um significado muito especial, na primavera de 1944. Optei pela versão de Manuel Bandeira e não pela original. A cadência muito particular do poema em francês é aqui quase retomada pelo poeta brasileiro. Coisas do talento.

E chega abril, que março terá sempre uma carga outonal. Com Verlaine e as cores de Martin Parr.













Loders Street Fair, England, 1999, by Martin Parr


Canção de outono

Estes lamentos

Dos violões lentos

Do outono

Enchem minha alma

De uma onda calma

De sono.


E soluçando,

Pálido, quando

Soa a hora,

Recordo todos

Os dias doidos

De outrora.


E vou à toa

No ar mau que voa.

Que importa?

Vou pela vida,

Folha caída

E morta.

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