terça-feira, 21 de março de 2023

ENID BLYTON

Em 24.1.2013 escrevi aqui:

"Já não se encontram nas bibliotecas [os livros de Enid Blyton], creio eu. Oxalá esteja enganado". Na verdade, já não se encontram, porque agora os escondem. Detesto censores. E gente que até os gaspachos assopra. E os de cérebro penteadinho. A esses, e às "pessoas bibliotecárias" (parece que agora fica bem dizer assim) que escondem livros, tenho todo o gosto em dedicar este excerto de Adília Lopes, que também vai ser censurada e ocultada, um destes dias:

"Em 81 disse à Dr.ª Manuela Brazette, psiquiatra, "Eu sou feia". Ela disse-me "Não é ser feia. Não há pessoas feias. Não tem é atractivos sexuais". Lembrei-me então do homem que em 74, tinha eu 14 anos, se cruzou comigo no Arco do Cego. Lembrei-me do homem, da cara do homem vagamente, mas lembrei-me muito bem do que ele me tinha dito ao passar por mim. Tinha-me dito "Lambia-te esse peitinho todo". Lembrei-me também da meia-dúzia de outros homens que durante a minha adolescência me tinham dito quando eu passava "Coisinha boa" e "Borrachinho". Ainda hoje me sinto profundamente agradecida a esses homens. Pensei que estavam a avacalhar, que eram uns porcalhões. Mas quem estava a avacalhar era a Dr.ª Manuela Brazette, ela é que é uma porcalhona. Acho que um homem nunca consegue ser mau para uma mulher como outra mulher."

(Adilia Lopes, Irmã barata, irmã batata. Braga/Coimbra: Angelus Novus, 2000. p. 12)














QUINTA-FEIRA, 24 DE JANEIRO DE 2013

PRIMEIRAS LEITURAS: A AVENTURA NO BARCO

Mais uma memória dos 9/10 anos. Os livros da série "aventura", de Enid Blyton (1897-1968). Aventuras em família, mas de grande fôlego. A série foi escrita entre 1944 e 1955. O meu volume preferido é este, A aventura no barco. A história inclui o Mediterrâneo, uma fuga numa semi-desértica ilha grega, um labirinto e um tesouro dado como perdido. Há salteadores de sítios arqueológicos pelo meio. Deve ter sido o exotismo que me arrastou para este livro. E talvez para algo mais. Lembrei-me dele, muitos anos depois, na ilha de Hydra, durante um longo passeio até um mosteiro esquecido numa montanha.

Mais um livro "esquecido". Já não se encontram nas bibliotecas, creio eu. Oxalá esteja enganado. 

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