Aquela cena marada de andar a passear cãezinhos imaginários fez-me recuar a 1970 ou 1971. Tinha uns 7 anos e aprendera a ler relativamente depressa. A narrativas épicas do Jornal do Benfica (o primeiro jornal que li) levavam-se a recriar os jogos europeus numa partida a solo. Ou seja, eu era o Benfica e o Real Madrid em simultâneo. Ou seja, eu era 22 jogadores... E jogava sozinho, para trás e para a frente, em desarmes temerários, em passes infalíveis e em golos espetaculares, marcados por Eusébio.
Um dia, no meio de uma animada partida, reparei que os homens que carregavam o bagaço da azeitona, na Sociedade dos Azeites, riam daquele bailado solitário. Envergonhado, abandonei o terreno de jogo. Assim terminou, aos 7 anos, o que podia ter sido uma carreira promissora.
Ah, mas se me virem agora passear algum cãozinho imaginário ou fulminar Junquera com um indefensável remate, podem internar-me sff.
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