Filme que pertence à célebre trilogia da incomunicabilidade de Antonioni, La notte, de 1961, retrata um casal num beco sem saída. Giovanni (Marcello Mastrianni) e Lidia (Jeanne Moreau) vagueiam sem rumo, entre pequenas escapadelas, bares nocturnos e festas, num meio burguês e entediado. O filme acaba com Lidia lendo uma carta de amor que Giovanni lhe escreveu antes de se casarem, e da qual ele não se lembra.
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Gostei tanto do filme quando o vi que decidi não repetir a experiência. Há filmes que perdem o encanto e ganham muitas rugas com o tempo. Com o dele e com o nosso, que ganhamos perspectivas diferentes das coisas. Talvez um dia volte a esta noite.
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Eu...
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada… a dolorida…
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!…
Sou aquela que passa e ninguém vê…
Sou a que chamam triste sem o ser…
Sou a que chora sem saber porquê…
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada… a dolorida…
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!…
Sou aquela que passa e ninguém vê…
Sou a que chamam triste sem o ser…
Sou a que chora sem saber porquê…
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
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As palavras de Florbela Espanca, a sua tristeza e abandono, têm um ritmo que não é muito diferente do que tem o filme. O filme é lunar, o poema um pouco também. Tragam-nos o sol.
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