Valerá a pena fazer um dia, daqui a uns anos, a releitura das reações à morte de Mário Soares. Tenho seguido, com grande interesse, os panegíricos e as homenagens emocionadas dos que lhe eram próximos, pessoal ou politicamente. Tenho lido, com não menos interesse, as mensagens de conveniente pesar doutros quadrantes políticos. Evito ler júbilos lamentáveis e outros insultos, que brotam à esquerda e à direita. O curto testemunho de António Barreto foi, até agora, o texto mais interessante qe li (v. aqui).
O papel de Mário Soares na construção do País que hoje somos é inquestionável, estejamos de acordo ou não com o modelo que temos. Foi ele um dos principais fautores da ocidentalização de Portugal. Do ponto de vista do funcionamento do modelo da democracia que temos e na perspetiva económica. O País rural e atrasado de 1973 pouco tem a ver com o de hoje. Isso não foi coisa pouca. Outros desiquilíbrios se fomentaram... Mário Soares, intuitivo e com leitura de curto prazo, acreditava que Portugal seria arrastado pela dinâmica dos grandes e atingiria assim um desenvolvimento pleno. Isso não aconteceu, como bem sabemos.
Foi um português determinante na História do século XX em Portugal? Foi. Não deixava as pessoas indiferentes? De facto, não. Antes isso, que os de "saia rodada" que por aí abundam...
Retrato oficial, por Júlio Pomar (1992)
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