segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

REGRESSO À ILHA



SONETO ANTIGO

Responder a perguntas não respondo. 
Perguntas impossíveis não pergunto. 
Só do que sei de mim aos outros conto:
de mim, atravessada pelo mundo.

Toda a minha experiência, o meu estudo,
sou eu mesma que, em solidão paciente,
recolho do que em mim observo e escuto
muda lição, que ninguém mais entende.

O que sou vale mais do que o meu canto.
Apenas em linguagem vou dizendo
caminhos invisíveis por onde ando. 

Tudo é secreto e de remoto exemplo.
Todos ouvimos, longe, o apelo do Anjo.
E todos somos pura flor de vento.


O regresso ao trabalho, depois de dois dias de pausa, foi marcado por intenso planeamento. O dia, cinzento, ventoso e frio, puxava à melancolia. Voltei atrás, a Cecília Meireles e a uma ilha. A poesia tem, por vezes, um efeito cauterizador. Fotografar em solidão também o é.

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