domingo, 10 de dezembro de 2017

QUANDO O NORTE DA EUROPA ENCONTRA O SUL DA EUROPA

É um dos projetos de resultado mais difícil de definir. Há um bom par de anos decidiu-se reconfigurar um dos eixos principais do Bairro da Salúquia, em Moura. A Rua de Sagres, a Rua Rainha D. Leonor, o Largo da Salúquia (o nome oficial não é esse, bem sei) e a Rua D. Dinis teriam outro tratamento e outra configuração. Assim se fez. O largo, que era sítio de passagem de carros, passou a ter outra vida. O projeto não foi consensual, mas acho, convictamente, que o largo ficou a ganhar.

Uma coisa não resultou: o largo ter ficado de nível. Ou seja, nem barreiras, nem passeios. Algo muito frequente no norte da Europa. Espaço de circulação das viaturas, local de passagem dos peões, zona de lazer coexistem sem separações visíveis. A forma de as usar depende mais da perceção do cidadão do que aquilo que se impõe. Fácil? No norte da Europa, sim. No sul da Europa, não. Somos diferentes e a nossa mentalidade é distinta da nórdica.

Por isso, a lógica nivelada do Largo da Salúquia foi um falhanço. O espartano rigor setentrional deu lugar à balbúrdia mediterrânica. A improvisação urbana do largo é o reflexo físico da nossa mentalidade. Daquilo que somos.

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