Por qualquer injustificada razão, era considerado por alguns colegas de licenciatura como um maníaco das bibliotecas. Um pacífico louco furioso, capaz de ficar horas a fio fazendo fichas e coligindo apontamentos. Ou transcrevendo manuscritos na Torre do Tombo. É verdade que gostava de frequentar bibliotecas e arquivos. O resto é invenção de almas mal intencionadas.
Recuei hoje mais de 30 anos, ao visitar a interessante exposição que a Biblioteca Nacional tem patente. Temos mesmo de visitar a exposição, porque durante a hora do almoço os depósitos estão fechados e as requisições de livros ficam em lista de espera. Que tinha a exposição de interessante? A memória da antiga biblioteca, no Chiado. Os desenhos de António Pardal Monteiro e de Jorge Chaves, bem mais orgânicos (e por isso foram chumbados) que a solução final de Porfírio Pardal Monteiro. O mobiliário de Daciano da Costa, sempre à frente do tempo e sempre com soluções intemporais. Deste autor eram os ficheiros em madeira, que enchiam em tempos a sala de referência. Perdi o conto às vezes que abri e fechei essas gavetas e dei volta aos blocos de mobiliário.
Recordo com clareza (esta é para os amigos que me acusam de maníaco) o primeiro livro que requisitei na Biblioteca Nacional, nos primeiros dias de 1982: ÉTUDES SUR LES COLONIES MARCHANDES MÉRIDIONALES À ANVERS DE 1488 À 1567 : PORTUGAIS, ESPAGNOLS, ITALIENS. Um estudo de Jan-Albert Goris (1899-1984), publicado em Lovaina em 1925. O meu primeiro trabalho na Faculdade foi sobre a feitoria portuguesa de Antuérpia. A leitura, no mesmo ano, de O capitalismo monárquico português, do académico paulista Manuel Nunes Dias, começou a desenhar-me uma dúvida, depois transformada em certeza: não temos emenda nem cura...
Recuei hoje mais de 30 anos, ao visitar a interessante exposição que a Biblioteca Nacional tem patente. Temos mesmo de visitar a exposição, porque durante a hora do almoço os depósitos estão fechados e as requisições de livros ficam em lista de espera. Que tinha a exposição de interessante? A memória da antiga biblioteca, no Chiado. Os desenhos de António Pardal Monteiro e de Jorge Chaves, bem mais orgânicos (e por isso foram chumbados) que a solução final de Porfírio Pardal Monteiro. O mobiliário de Daciano da Costa, sempre à frente do tempo e sempre com soluções intemporais. Deste autor eram os ficheiros em madeira, que enchiam em tempos a sala de referência. Perdi o conto às vezes que abri e fechei essas gavetas e dei volta aos blocos de mobiliário.
Recordo com clareza (esta é para os amigos que me acusam de maníaco) o primeiro livro que requisitei na Biblioteca Nacional, nos primeiros dias de 1982: ÉTUDES SUR LES COLONIES MARCHANDES MÉRIDIONALES À ANVERS DE 1488 À 1567 : PORTUGAIS, ESPAGNOLS, ITALIENS. Um estudo de Jan-Albert Goris (1899-1984), publicado em Lovaina em 1925. O meu primeiro trabalho na Faculdade foi sobre a feitoria portuguesa de Antuérpia. A leitura, no mesmo ano, de O capitalismo monárquico português, do académico paulista Manuel Nunes Dias, começou a desenhar-me uma dúvida, depois transformada em certeza: não temos emenda nem cura...
1 comentário:
E Vivam os maníacos das Bibliotecas!!!! são espaços extraordinários para aprendermos, para encontrar pessoas que não víamos há anos e para descansar o espirito. É que o compasso de espera, enquanto o livro não chega, é um tempo precioso para pararmos e olhar para dentro de nós próprios.
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