Há dias, fui ver uma projeção no âmbito do FUSO - Anual de Vídeo Arte Internacional de Lisboa. Quando, no final, disse que não tinha gostado dos dois primeiros filmes, um amigo crítico de arte elucidou "aquilo não são filmes". Pois, não devem ser... Mas já volto ao que vi.
Coleciono, no currículo, um invejável número de "secas". Tive como princípio aguentar até ao fim. Exceto há uns tempos, num festival de cinema independente, em que resisti a 37 minutos de vazio fílmico. Aquilo começara mal, com o realizador a ser chamado ao palco para dizer umas palavras sobre o filme. Desgrenhado e cabisbaixo, emitiu uns monossílabos, dando ar de grande angústia existencial. Pensei "isto começa mal". Depois foi pior. O filme, com boas imagens, não tinha narrativa que se visse (à partida não tem que ter, mas esse ensaio já Resnais o fez há quase 60 anos...). Pior, a sequência era enervante e absurda. Olhei para o relógio e pensei "ainda falta uma hora para esta marmelada acabar". Levantei-me e saí. Um facto inédito na minha carreira. Sem surpresa, vi depois depois que o filme ganhara o Grande Prémio.
Meses depois, caí noutra esparrela. A coisa era pior. Havia "raccords" errados e sequências contraditórias. A meia da projeção deixei soltar, involuntariamente, um "mas o que é isto??". O desgrenhado de serviço, ao meu lado, deu um indignado salto.
Voltando ao FUSO. Duas das projeções correspondiam a um padrão a que me habituei: ensimesmamento, falta de proficiência, ausência de narrativas, auto-complacência, textos pretensiosos etc. etc.
Razão tem Alberto Barbera, diretor do Festival de Veneza: "é difícil receber de Portugal propostas que tenham uma respiração internacional e que possam esperar entrar num concurso onde aparecem autores confirmados que sabem o que é falar com um público mais vasto do que o da cinefilia mais radical". E classifica o cinema português como auto-referencial e sem preocupações em procurar o público.
Coleciono, no currículo, um invejável número de "secas". Tive como princípio aguentar até ao fim. Exceto há uns tempos, num festival de cinema independente, em que resisti a 37 minutos de vazio fílmico. Aquilo começara mal, com o realizador a ser chamado ao palco para dizer umas palavras sobre o filme. Desgrenhado e cabisbaixo, emitiu uns monossílabos, dando ar de grande angústia existencial. Pensei "isto começa mal". Depois foi pior. O filme, com boas imagens, não tinha narrativa que se visse (à partida não tem que ter, mas esse ensaio já Resnais o fez há quase 60 anos...). Pior, a sequência era enervante e absurda. Olhei para o relógio e pensei "ainda falta uma hora para esta marmelada acabar". Levantei-me e saí. Um facto inédito na minha carreira. Sem surpresa, vi depois depois que o filme ganhara o Grande Prémio.
Meses depois, caí noutra esparrela. A coisa era pior. Havia "raccords" errados e sequências contraditórias. A meia da projeção deixei soltar, involuntariamente, um "mas o que é isto??". O desgrenhado de serviço, ao meu lado, deu um indignado salto.
Voltando ao FUSO. Duas das projeções correspondiam a um padrão a que me habituei: ensimesmamento, falta de proficiência, ausência de narrativas, auto-complacência, textos pretensiosos etc. etc.
Razão tem Alberto Barbera, diretor do Festival de Veneza: "é difícil receber de Portugal propostas que tenham uma respiração internacional e que possam esperar entrar num concurso onde aparecem autores confirmados que sabem o que é falar com um público mais vasto do que o da cinefilia mais radical". E classifica o cinema português como auto-referencial e sem preocupações em procurar o público.
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