sábado, 25 de julho de 2020

OREGOS, UMA COISA POPULAR

Era um professor baixinho e sempre de fato cinzento. Lecionava aquela cadeira há mais de 20 anos e fazia-o sempre da mesma maneira. Era um professor à antiga, previsível e imensamente monótono. Nunca ria e tinha o hábito de nos tratar por senhor ou senhora. Eu tinha decidido fazer aquela opção complementar (consta no currículo mas não "entrava" na média). Fui aluno mediano, nada mais.

O professor raramente dava a mostrar emoções. Comigo, só se enervou uma vez. Falava-se de ervas aromáticas e eu disse a palavra "oregos". O senhor deu um salto, visivelmente irritado: "Oregos não, senhor Macias! Oregos, não! ORÉGÃOS! Quem diz oregos é povo. Oregos é popular". De facto, em casa eu sempre ouvira dizer oregos e nunca me passara pela cabeça que estaria a incorrer num "erro". Que, em rigor, o não é. Sorri (mentalmente, claro) e decidi que diria sempre oregos. O que, ainda hoje e já lá vão 34 anos, continuo a fazer.

Ao entrar em Évora, ontem de manhã, uma carrinha ostentava uma tortíssima mas claríssima pancarta onde se lia "FIGOS & OREGOS". O povo aqui ganhou, caro prof. CS, não pude deixar de pensar.

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