Lisboa é uma cidade cheia de palácios secretos, longe dos olhares do mundo. Foi uma imagem que fui formando ao longo dos anos, sem ter a certeza se assim é, ou se sou eu que assim quero que seja.
Neste arrabalde oriental de Lisboa, há alguns desses palácios, aqui mesmo ao lado. Ontem, passei pelo Sinel de Cordes, que da família já há muito só tem o nome. Um dos seus membros foi o antecessor de Oliveira Salazar na pasta das Finanças, diga-se de passagem.
Foi uma visita solitária, numa exposição um pouco desigual. E que tiram imenso partido daquele ar délabré do palácio. Para a semana reincido.
Estar só é estar no íntimo do mundo
Por vezes cada objecto se ilumina
do que no passar é pausa íntima
entre sons minuciosos que inclinam
a atenção para uma cavidade mínima
E estar assim tão breve e tão profundo
como no silêncio de uma planta
é estar no fundo do tempo ou no seu ápice
ou na alvura de um sono que nos dá
a cintilante substância do sítio
O mundo inteiro assim cabe num limbo
e é como um eco límpido e uma folha de sombra
que no vagar ondeia entre minúsculas luzes
E é astro imediato de um lúcido sono
fluvial e um núbil eclipse
em que estar só é estar no íntimo do mundo
António Ramos Rosa - "Poemas Inéditos"
do que no passar é pausa íntima
entre sons minuciosos que inclinam
a atenção para uma cavidade mínima
E estar assim tão breve e tão profundo
como no silêncio de uma planta
é estar no fundo do tempo ou no seu ápice
ou na alvura de um sono que nos dá
a cintilante substância do sítio
O mundo inteiro assim cabe num limbo
e é como um eco límpido e uma folha de sombra
que no vagar ondeia entre minúsculas luzes
E é astro imediato de um lúcido sono
fluvial e um núbil eclipse
em que estar só é estar no íntimo do mundo
António Ramos Rosa - "Poemas Inéditos"
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