quinta-feira, 1 de abril de 2021

O ESTUÁRIO

A pé / combóio / metro / subir até Santa Clara. Com pequenas variações vai ser este o percurso. Desde 2005, quando tomei posse na Câmara de Moura, que não passava por uma tão radical mudança de vida profissional.

Visitei o Panteão, pela primeira vez, no verão de 1974. Com um amigo da família (José Bento) que me levou a passear por Lisboa. Estava muito longe de imaginar que, um dia, a minha vida profissional passaria por aquele local.

O que é o dia 1 num sítio assim, ainda quase sem funcionários, que a atividade a sério só arranca no dia 6? Tomar conhecimento dos dossiês, ler documentação, tirar apontamentos, rascunhar e voltar a rascunhar. Fazer telefonemas, um, dois, três, muitos. Marcar reuniões e falar com os interlocutores em volta.

Ao longe está o estuário. Os ventos que sopram sobre o Tejo limpam as poeiras. Ao longe, a 30 kms., está o Castelo de Palmela, que se vê com toda a nitidez. Um cenário incomum. Penso nos cruzados flamengos, em 1147, embevecidos ante a paisagem e a sua riqueza.

A meio da tarde, olhando em volta, vem-me à memória uma short story de Roald Dahl (1916-1990).

O dia das mentiras começa sob o signo da realidade. Às 6 da tarde desço a Calçada do Cascão e retomo o caminho de casa.





1 comentário:

Anónimo disse...

Este parece ser o primeiro dia do resto da tua vida !
Sei que o que vais fazer, vais fazer melhor.
Grande abraço.
MB