terça-feira, 3 de setembro de 2019

STARDUST MEMORIES Nº. 30: LIDO

Uma senhora da geração da minha mãe dizia LIDÔ. Dava um som mais chique. Mas o Cine-Teatro LIDO ficava num sítio sem pretensões. O Bairro Janeiro, no limite ocidental da Amadora, era o típico subúrbio dos anos 60 e 70. Na altura ia-se ao cinema, e justificava-se um Cine-Teatro com 1137 lugares (!). Ninguém com menos de 45/50 anos sabe o que era um cinema de reprise, mas era isso que o lugar era. Havia sessões todos os dias, às 15.30 e às 21.30.

O Lido, a menos de 600 metros de casa, foi um dos lugares onde mais vezes escondi a minha solidão de adolescente. Ia sempre para a plateia (12$50 - 0,06235 €), que o balcão (20$00 - 0,09976 €) e a tribuna (25$00 - 0,12470 €) eram devaneios para ricos. Vi lá muitos filmes, do péssimo ao bom. Nem um só me deixou especiais recordações. Os muito bons vi-os na Cinemateca, no Londres, no Quarteto... Na altura a Comissão de Classificação de Espetáculos punha um carimbo de "filme de qualidade" nos que o mereciam. De forma nem sempre consensual.

Os cinemas decaíram. A dada altura, houve uma adaptação do Lido a centro comercial, depois passou a danceteria. Depois houve um incêndio e hoje é uma ruína...

O Cine-Teatro Lido foi inaugurado em 1962, com projeto do arq. Carlos Antero Ferreira (1932–2017). Ainda o tive como professor numa pós-graduação nas Belas-Artes.




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