Entre 2006 e 2008 foi-me dado acesso, sem restrições, a alguns dos aeroportos mais interessantes da Europa. Depois de ter concluído uma encomenda para a Autoridade Europeia dos Aeroportos – intitulada “Approaches” (Aproximações) – produzi “When the light casts no shadow” (Quando a luz não projecta sombra). Grande parte da série foi produzida nos Açores, onde os aeroportos foram, em tempos, tanto uma paragem obrigatória para os primeiros voos transatlânticos como importantes bases militares em ambas as guerras mundiais. Alguns destes aeroportos são únicos, pelo facto das suas pistas e áreas de estacionamento estarem pavimentadas com alcatrão em vez de betão. Com o tempo, algumas zonas destes aeroportos caíram em desuso e foram-se degradando, e foi isso que me atraiu nelas. Optei por fotografar quase exclusivamente de noite, utilizando câmaras de grande formato (8x10 e 8x20), as luzes dos projectores dos aeroportos e tempos de exposição longos, até cerca de duas horas, de forma a registar as mais pequenas diferenças de tom entre o fundo negro e o céu nocturno, com a minha câmara a realçar as luzes fluorescentes e as marcas no pavimento – mas também os padrões desenhados pelas ervas que tinham nascido nas fendas devido à falta de manutenção. O resultado são imagens ainda mais abstractas e enigmáticas que as das séries iniciais.
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Este é o texto que Edgar Martins publicou no seu site. O texto inglês e o texto português são diferentes. A versão na língua de Shakespeare é, sintomaticamente, mais despojada e precisa. Sábado à noite não é dia para traduções, o domingo talvez o seja (apesar da dúvida sobre a melhor forma de traduzir a expressão blacktop)...
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