terça-feira, 10 de março de 2009

A ARQUEOLOGIA A OESTE DE PECOS

Já toda a gente viu o filme. O pistoleiro dava um pontapé na porta do saloon, puxava do colt e desatava a disparar. Depois fazia as perguntas. Era assim, a oeste do rio Pecos.
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A arqueologia portuguesa vive o seu momento de Oeste Selvagem. O artigo hoje dado à estampa no Público daria vontade de rir, se o momento não fosse trágico. Vejamos os passos do baile mandado: parte dos serviços de Arqueologia que se encontram na Avenida da Índia - entre os quais a biblioteca - serão nos próximos meses transferidos para o torreão ocidental do edifício da Cordoaria Nacional, na mesma avenida. Por seu lado, o Arquivo da Arqueologia Portuguesa irá para o Palácio da Ajuda. Os serviços de arqueologia aquática e subaquática serão divididos entre a Cordoaria e o Museu da Marinha.
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Os pistoleiros estão agora no meio do saloon e desafiam o xerife e o seu ajudante. Os cangalheiros esfregam as mãos de contentes. O pianista mergulhou para detrás do piano.
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A lógica é a de disparar primeiro e perguntar depois. A biblioteca de arqueologia integra o espólio outrora pertencente ao Instituto Arqueológico Alemão. Vai ficar disponível, dizem. Como, e em que prazos, é coisa que está para se ver. O arquivo da arqueologia portuguesa vai para a Ajuda. Parto do princípio que estejamos a falar dos relatórios de escavação. Em relação a estes basta ler um despacho da Direcção do IPA de 2007 para percebermos o radioso futuro de livre acesso à informação que nos espera: http://www.ipa.min-cultura.pt/legis/legis_e_reguls/folder/despacho2_2007.pdf. A arqueologia subaquática vai para um lado e vai para outro.
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Soam tiros. Há uma conspiração do silêncio. Pessoas importantes calam-se, os pistoleiros avançam cada vez mais depressa. Disparam cada vez mais depressa. Pensar dá trabalho e é uma coisa demorada. Não há tempo para tal.
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Algumas gentis almas defendem, entretanto, que o processo do Museu dos Coches é uma coisa e tudo o resto é outra. Claro que sim. Tal como a eventual transferência do Museu Nacional de Arqueologia não tem nada a ver com isto. Claro que não tem. Isto é tudo coincidências, é o que é.
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No Oeste Selvagem, a oeste do rio Pecos, os pistoleiros mais ferozes são os que dominam o terreno. Há caixões encomendados. Continua a disparar-se primeiro e a perguntar-se depois. O essencial é disparar.
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Entretanto, ouvi dizer que em Portugal há Ministro da Cultura. Dizem que sim...

Fotografia de Elliot Erwitt (Metropolitan Museum - Nova Iorque)

1 comentário:

Unknown disse...

Grande Santiago: só falta meter no elenco o Ratanplan e (ou) o Rintintin, para poder esquecer o drama e rebolarmo-nos na comédia!
Zé Aguiar