quarta-feira, 28 de outubro de 2009

UMAR-I KHAYYAM e EDWARD HOPPER

A cáfila da vida passa estranhamente,
Ajuda-a a gozar as alegrias.
Não tenhas pena de nós, ó sáqi,
Enche-nos a taça que a noite se vai embora.
.
Não tenhas medo dos infortúnios de hoje,
Não tenhas dúvidas, o tempo os apaga.
Se tiveres um momento oferece-o à alegria,
O que virá depois, deixemos para o depois.
.
.
O Outono é tempo de celebração. As festas das vindimas e o anúncio do vinho novo preparam-nos para um Inverno que não tarda. Neste jogo de diferenças entre o frio do tempo e o vinho que nos aquece dá vontade de vincar ainda mais os contrastes. O lirismo do poeta e matemático persa Umar-i Khayyam (1048-1132) e o realismo de Edward Hopper (1882-1967). As quadras do poeta, muitas delas odes ao vinho, quase todas marcadas por um hedonismo acentuado, estão distantes do silêncio de Le bistro ou The wine shop, pintado em 1909. Mas a verdade é que os contrastes são sempre estimulantes.
.
51 são as quadras de Umar-i Khayyam publicadas em Ruba'iayt, na edição da Assírio & Alvim, datada de 2009. A tradução, a partir do persa, é da responsabilidade de Halima Naimova.

1 comentário:

Unknown disse...

Somos pouco dados a gozar as alegrias, a alegria, como manda o poeta.
Encho uma taça e brindo com ela à alegria que desejo para o novo mandato que simbolicamente vai começar amanhã.
O que virá depois, deixemos para o depois.
Abraço
MEG