na água uma pedra e um círculo
e sobre a água uma palavra
que dispõe o círculo à volta da pedra.
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Vi o meu choupo descer para a água,
vi o seu braço mergulhar no fundo,
vi as suas raízes suplicar noites voltadas para o céu.
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Não corri atrás dele,
limitei-me a apanhar do chão essa migalha
que dos teus olhos tem a forma e a nobreza,
tirei-te do pescoço o colar daquelas falas
e debruei com ele a mesa onde agora estava a migalha.
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E deixei de ver o meu choupo.
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Um post sob o signo da solidão. A do poeta solitário, Paul Celan; a do viajante solitário perante o mar de nuvens, pintado em 1818 por Caspar David Friedrich (1774–1840). A do escritor Albert Camus, que nos deixou em 4 de Janeiro de 1960, e que criou Meursault, o mais solitário de todos os homens.
2 comentários:
Solitario mas tao romantico...
Desde que a solidão não seja imposta mas, antes, uma opção de vida … até há quem argumente que é nela que se encontra o fundamento da liberdade! E, quer-me parecer que, todos os mencionados, tinham o seu quê de espírito livre…
No entanto, há já bastante tempo, “Ouvi Dizer” que uma das grandes bandas portuguesas dos últimos anos, tinha terminado. Foi a uma das suas melhores músicas que associei, imediatamente, o título deste post. Não gosto muito do videoclip mas o tema teve o mérito de enquadrar na perfeição a voz do Vítor Espadinha. Este sim… durante anos a atormentar as pessoas com aquela “sopa morna” do “Recordar é Viver" …! Mas pronto…prefiro agora recordá-lo com esta:
http://www.youtube.com/watch?v=yhh_D9e5TaA
BB
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