MAPPA MUNDI foi inaugurada, na passada segunda-feira, no Museu Berardo. Faz sentido, num país que tem uma longa história nos domínios da cartografia, se promova esta exposição, instrumento lúdico e de reflexão. Comissariada por Guillaume Monsaingeon é, afinal, muito mais que uma homenagem à "cartografia portuguesa da época dos Descobrimentos". São 123 obras de arte contemporânea inspiradas nesse mundo fantástico dos mapas. Escolhi, porque me pareceu uma das intervenções de mais interessante carga política, um planisfério, na visão sardónica de Nelson Leirner (n. 1932).
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Até dia 25 de Abril, no Museu Berardo.
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.O MAPA
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Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...
(É nem que fosse o meu corpo!)
Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...
Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso...
O poema é de Mário Quintana (1906-1994).
Sobre Nelson Leirner ver http://www.nelsonleirner.com.br/
As informações sobre a exposição deveriam estar no site do Museu Berardo - http://www.museuberardo.com/ - mas, estranhamente, não estão. Talvez dentro de uns dias...
6 comentários:
Tenho um trabalho que mostra exactamente o contrário deste. Foi premiado numa das Moura BD, em 2005concretamente.
António Finha
Fico com curiosidade. Mandas o desenho?
Já mandei.
Posso publicar?
Podes, não há problema.
Finha, eu também quero o teu Mappa Mundi...
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