terça-feira, 29 de maio de 2012

ANTÓNIO ZINGA

 


Os anos 70 foram uma época de inexcedível mau gosto. Não sei o que foi pior: os Bee Gees? os sofás brancos? as calças à boca de sino? os penteados? os sapatos de homem de tacão alto? as mariconeras, que ganharam no Comité Central do PCP um verdadeiro nicho de mercado? A diversidade de escolha é imensa. Recordo, a nível doméstico, um verdadeiro cume do kitsch: as cores berrantes usadas no interior das casas. Na minha, em Queluz, a paleta era alargada: púrpura no átrio de entrada, azul ferrete na sala, verde água num dos quartos, camurça no outro. Ou seja, a dietilamida de ácido lisérgico em versão DYRUP. Tout va avec, a alcatifa era azul petróleo.

A dada altura, em 1973 ou 1974, o João tomou-se de amores pelas pinturas de um angolano, que enxameavam as paredes das casas dos amigos, cuja atividade profissional os levava amiúde a Luanda. Eram imagens de pores do sol ou de queimadas, num amarelo e vermelho de fazer doer a vista. O João olhou um dos quadros, emitiu um parecer técnico "eh, pá, tá bestial! como é que o gajo faz isto?" e encomendou uma tela. Chegou semanas mais tarde, com a assinatura "António Zinga" em cursivo. Ficou na sala, sobre o azul ferrete da parede.

Na net não há vestígios de António Zinga. Aqui fica algo semelhante à sua arte. O original deve ter-se perdido numa das várias mudanças. Ou talvez não. Há sempre o risco deste fantasmas emergirem, quando menos se espera.






12 comentários:

Lucrecia disse...

Santiago,os Bee Gees eram legais. as letras não sei, mas o som é gostoso.Quanto a moda nunca segui. Sempre usei calça indigo e camiseta. (naquele tempo me permitia) hoje uso o clássico tailleur. As cores..., enquanto sua casa era colorida a minha era e é branca. Toda ela sempre foi branca,azulejos e cerãmicas. A cor vem dos móveis , cortinas , tapetes e alguns quadros. De 1970, temos um relógio que ainda funciona.Damos corda a cada sete dias. Ele marca as horas com uma música. Sempre ouvi este relógio.Lá se vão uns quarenta anos. Foi uma época boa, agitada, mas legal.

Lucrecia disse...

O quadro é bonito. O outro deveria ser também. As coisas não eram tão feias assim.Cada época tem seu encanto.

Unknown disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Unknown disse...

por acaso tenho um quadro assindo por esse artista que data de 1972 (angola), gostaria de saber mais informaçoes sobre autor e obra, aguardo resposta. obrigado.

Santiago Macias disse...

Caro Carlos Alberto Azevedo Antunes

A data coincide com o quadro que existia em casa dos meus pais. Também eu gostaria, sinceramente, de ter mais informações sobre esse pintor. Mas tudo o que sei se resume à data dos quadros e ao facto deles serem comprados em Luanda.

Unknown disse...

muito obrigado, assim que tiver mais informaçoes gostaria que me informasse eu farei o mesmo. ate breve.

ricardo meireles disse...

Ola eu tenho um quadro que esse que falam ± acima e abaixo queimada e é lindo eu gostava de saber mais informações se possível a data do mesmo e ass; Antonio zinga 1974 angola.
Obrigado pela atenção meu mail.
Ricardo.mrls@gmail.com

Дрю Сессимор disse...

у меня есть его картина она в продаже https://auction.violity.com/70133722-afrikanskij-motiv-antonio-zinga-1971-god-angola

Дрю Сессимор disse...

Доброго вечера всем форумчанам, у меня есть картина этого художника, она в продаже https://auction.violity.com/70133722-afrikanskij-motiv-antonio-zinga-1971-god-angola

Anónimo disse...

tenho um quadro assinado por esse autor de 1963 comprado em Luanda em 1964

Nandor disse...

I also happen to have a painting by this painter I think.
The signature is: "Ant. Zinga"
The painting is an African village scene, so it matches the story, it must be Angolan.
I found the painting in a quinta I bought in Portugal, and it does look around 40-50 years old!

Santiago Macias disse...

Nandor, he painted in the sixties, early seventies, selling his works to portuguese soldiers, who wanted to bring souvenirs from Angola.