quinta-feira, 5 de junho de 2014

Mr. Steps Rabbit, Mr. Goya and a sonnet

Justitia MaterNas florestas solenes há o culto 
Da eterna, íntima força primitiva: 
Na serra, o grito audaz da alma cativa, 
Do coração, em seu combate inulto: 

No espaço constelado passa o vulto 
Do inominado Alguém, que os sóis aviva: 
No mar ouve-se a voz grave e aflitiva 
D'um deus que luta, poderoso e inculto. 

Mas nas negras cidades, onde solta 
Se ergue, de sangue medida, a revolta, 
Como incêndio que um vento bravo atiça, 

Há mais alta missão, mais alta glória: 
O combater, à grande luz da história, 
Os combates eternos da Justiça!


Não gosto especialmente da poesia de Antero de Quental, que venerava na minha juventude. Em todo o caso, o poema sobre a Justiça é hoje pertinente, por causa das declarações do PM Passos Coelho, a propósito dos juízes do Tribunal Constitucional. É que isto da Democracia é uma coisa muito interessante, exceto quando alguns poderosos são contrariados. Aí, o melhor é ajustar a Democracia...

Não sei como será feita a "mudança" no TC.

Por mero acaso, hoje lembrei-me também deste quadro de Goya, pintado há exatamente 200 anos. Coincidências.

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