A generosidade do José Manuel Rodrigues vai fazer com a exposição Água - património de Moura tenha algo mais. Um conjunto de vinte fotografias ocupará uma das alas do antigo matadouro e servirá de perfeito complemento ao que se poderá apreciar no edifício central. A ideia surgiu durante a conversa de planeamento do livro sobre a Amareleja e o vinho. Que começa a ganhar forma.
E sob o signo da água ficamos, entre fotografia, a música aquática de Handel (ver e ouvir aqui) e o lago mudo de Fernando Pessoa:
Contempo o lago mudo
Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.
O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexê-lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.
Trêmulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?
O bucolismo melancólico de Fernando Pessoa é uma velha companhia. A fotografia de José Manuel Rodrigues é muitas vezes, barroca, não o parecendo. A música de Handel era mesmo barroca - e para ser tocada, literalmente, sobre água.
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