quarta-feira, 6 de maio de 2015

ÁRVORES

Árvores

O que tentam dizer as árvores
No seu silêncio lento e nos seus vagos rumores,
o sentido que têm no lugar onde estão,
a reverência, a ressonância, a transparência,
e os acentos claros e sombrios de uma frase aérea.
E as sombras e as folhas são a inocência de uma ideia
que entre a água e o espaço se tornou uma leve
integridade. 
Sob o mágico sopro da luz são barcos transparentes.
Não sei se é o ar se é o sangue que brota dos seus
ramos.
Ouço a espuma finíssima das suas gargantas verdes.
Não estou, nunca estarei longe desta água pura
e destas lâmpadas antigas de obscuras ilhas.
Que pura serenidade da memória, que horizontes
em torno do poço silencioso! É um canto num sono
e o vento e a luz são o hálito de uma criança
que sobre um ramo de árvore abraça o mundo.


A propósito de árvores. Recordei há pouco uma visita à loja de Duccio Nacci, La Bottega del Sale, em San Gimignano. Uns minutos à conversa, com o meu rudimentaríssimo italiano. Daí resultou uma simpática troca, livro para lá, fotografia para cá. Coisas improváveis que acontecem, assim ao acaso.

Deve ser da idade, mas gosto agora mais da poesia de António Ramos Rosa. Das fotografias de Duccio Nacci tenho inveja. Só.

Site: http://www.duccionacci.it

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