segunda-feira, 4 de maio de 2015

MELANCOLIA

Chanson d'automne

Les sanglots longs
Des violons
De l'automne
Blessent mon cœur
D'une langueur
Monotone.

Tout suffocant
Et blême, quand
Sonne l'heure,
Je me souviens
Des jours anciens
Et je pleure

Et je m'en vais
Au vent mauvais
Qui m'emporte
Deçà, delà,
Pareil à la
Feuille morte.

Este poema de Paul Verlaine passa aqui pela segunda vez, e ainda que o outono esteja muito longe. Chanson d'automne é um dos meus poemas preferidos. Imagino-o sempre com uma sonoridade lenta, talvez influenciado pelas palavras iniciais...

O tema melancolia foi-me sugerido pelo dia de ontem e por um texto no "Público" sobre a melancolia na arquitetura, a partir de um livro recente de Diogo Seixas Lopes. O caso de estudo é o Cemitério de San Cataldo, em Modena, projeto de Aldo Rossi e de Gianni Braghieri. O texto do público cita, a partir da Infopédia (!), Giorgio De Chirico.

Quando fiz 10 anos, os meus pais ofereceram-me a Enciclopédia Verbo Juvenil. Numa das páginas havia uma pintura de De Chirico, Il vaticinatore, salvo erro. O quadro inspirava-me medo e passava sempre pela página de olhos fechados. A melancolia e as urbanas paisagens desertas das pinturas evocavam-me, sem que eu o soubesse, a morte. O columbário de Modena liga-se, de perto, a esta lógica. É um edifício melancólico e que se poderia dizer "nórdico", no seu ascetismo.

Mediterrânico é o projeto do ateliermob para o cemitério de Moura. Como um dia se verá.

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