Bosch e o Jardim das Delícias. Prefiro as Tentações de Santo Antão, não por razões nacionalistas, mas porque esta visão paradisíaca peca por excessivamente plácida. E o pecado tem aqui pouco de pecado e algo de samba (os meus amigos especialistas em pintura antiga vão-me crucificar, mas já tenho idade para dizer o que penso)...
A imagem de Hieronymus Bosch (Jeroen van Aeken) tem um pouco a ver com as palavras de Olavo Bilac.
Por estas noites
Por estas noites frias e brumosas
É que melhor se pode amar, querida!
Nem uma estrela pálida, perdida,
Entre a névoa, abre as pálpebras medrosas.
Mas um perfume cálido de rosas
Corre a face da terra adormecida...
E a névoa cresce, e, em grupos repartida,
Enche os ares de sombras vaporosas:
Sombras errantes, corpos nus, ardentes
Carnes lascivas... um rumor vibrante
De atritos longos e de beijos quentes...
E os céus se estendem, palpitando, cheios
Da tépida brancura fulgurante
De um turbilhão de braços e de seios.
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