segunda-feira, 2 de julho de 2018

OLHAR EM FRENTE

Olhemos em frente, dizia há dias um amigo. É um princípio de toda a vida. Olhe-se sempre em frente, sem esquecer as lições do passado. Tenho passado os últimos oito meses olhando em frente.

Não posso deixar de recordar um episódio, ocorrido há meses, em Évora. No decurso de um encontro promovido pela Caixa Geral de Depósitos, dizia o Prof. Augusto Mateus (antigo Ministro da Economia) "não podemos olhar para o retrovisor". Na minha intervenção disse-lhe, para gáudio da plateia, "não faça isso, professor; é que nós, historiadores, vivemos do retrovisor; não nos tire o sustento". É nesse olhar para a frente que nos temos de situar. Mas o passado faz parte integrante do futuro. Por isso, tenho tido o prazer de voltar a Moura. 

Passei o feriado municipal olhando em frente, na Amareleja. A inauguração do bar das Cancelinhas foi um bom regresso.

Passei o dia de ontem olhando em frente. Do outro lado estava a ermida de S. Pedro da Adiça. Uma tarde fraterna, entre amigos que me convidaram para um almoço.

Passei a manhã de hoje olhando em frente, tanto para o Ardila, lá longe, como para o futuro da escavação no Castelo de Moura.

Olhando em frente, tenho uma exposição de fotografia em Évora, e outra de pintura contemporânea, que acabei agora de organizar (dizer curadoria é mais fino, mas desisti da palavra, que é feia).

Olho, meu caro, sempre em frente. Tenho pela frente um livro quase terminado. E outro que acabei de escrever. Olho para a frente, refletindo nesse passado recente. O testemunho que quero deixar parece-me interessante, como reflexão da participação na vida política, ao longo de várias décadas. E também para não serem outros a construir o meu passado, à minha revelia. 

Em estradas como esta olha-se em frente.
É a State Road 64, no Novo México. Entre Taos e Tres Piedras.

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