terça-feira, 13 de agosto de 2024

GUILLEM ROSSELLÓ-BORDOY (1932-2024)

Acaba de me chegar a triste notícia do desaparecimento de Guillem Rosselló-Bordoy. Já são poucos os que ficam desta geração verdadeiramente extraordinária, depois de nos terem deixado Manuel Acién, Juan Zozaya, Pierre Guichard, Miquel Barceló, Graziella Berti, Gabrielle Démians d'Archimbaud, Riccardo Frankovich, Christophe Picard...

O Guillem, com quem me cruzei pela última vez há quatro anos, num encontro em Palmela - "y tú, que coño haces? por qué demonios hás dejado Mértola?", foram as perguntas iniciais, disparadas no seu inconfundível sotaque mallorquinho - era um caso à parte e um homem verdadeiramente de outra galáxia... Qualquer coisa que se pedisse de ajuda tinha sempre resposta. Na época das cartas, escrevi-lhe por causa de umas plaquinhas em osso do Castelo de Moura. Recebi a resposta, semanas volvidas, com detalhas instruções e a absoluta necessidade de consultar as obras de Ferrandis e o indispensável tratado de Blythe Cott, que eu não conhecia e de que não há exemplares em Portugal.

Licenciou-se em Filologia Semítica - lia e falava árabe fluentemente -, com uma tese sobre as Ilhas Baleares no período islâmico. Entrou, entretanto, ao serviço do Museu de Malhorca, onde trabalhou (e de que foi diretor) durante 40 anos. Doutorou-se em História Antiga em 1972 com a tese "La Cultura Talayótica en Mallorca. Bases para el estudio de sus fases iniciales”. O seu sempre presente interesse pela arqueologia islâmica teria como pedra de toque a obra Ensayo de sistematización de la cerámica árabe en Mallorca, publicada em 1978.

Regressaria ao tema puro e duro da filologia árabe ao doutorar-se, pela segunda vez!, aos 70 anos com uma tese que seria publicada com o título Mallorca musulmana.

Obrigado, Guillem!

Ver: https://www.academiadelpartal.org/files/n9_011_031.pdf

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